Jorginho estava a atravessar um dia monótono, de autêntico bocejo, coisa que, rapaz de acção que era, o incomodava.
Lembrou-se então do velho que duas ou três vezes por semana se sentava bem na beirinha do penhasco na ponta sul da praia a pescar, e do que ele um dia lhe ensinara. Dissera-lhe ele que o mar ali era tão rico, que lhe bastava uma uns metros de fio de nylon, uma chumbada, um anzol, um isco e alguma dose de paciência, para poder sair dali com almoço. Ah! E uma luva velha, para que o fio não lhe cortasse a mão.
Como Jorginho não tinha nada para fazer, paciência não era problema. O resto foi arranjar logo de seguida. E meteu-se a caminho, rumo ao lugar escolhido como poiso.
Sentou-se, pacientemente atou a chumbada e o anzol na ponta do fio de nylon, e no anzol, espetou o isco. Vagarosamente, deixou o fio deslizar até ao mar, que se apresentava turvo o que era bom sinal, deu-lhe mais uns dois metros como o velho o aconselhara, e aguardou, fio bem preso na mão enluvada.
Intimamente, estava convencido que iria ali iria passar uma boa parte da tarde, e provavelmente sairia dali de mãos a abanar.
Foi por isso grande a surpresa quando, ao fim de um ou dois minutos, sentiu um forte puxão na mão que segurava o fio, e tão grande que por pouco não o largava.
Segurou com toda a sua força, e sentiu que do outro lado, algo de bom porte, se debatia. Como o velho aconselhara, deixou o “bicho” se debatesse durante uns minutos para que se cansasse, e quando sentiu que a luta afrouxava, começou a puxar lentamente o fio. Até que, à superfície, assomou o anzol e nele preso, um peixe de tamanho razoável, e que, com os seus parcos conhecimentos identificou: era um besugo.
Quando o teve na mão, olhou para o peixe orgulhou-se:” E logo deste tamanho! Deve ter para aí pelo menos meio quilo! Acho que é o que se chama sorte de principiante.” Meteu o peixe na sacola, e pôs-se a caminho de casa, feliz e sorridente como há muito não se sentia. E mais, ansioso de exibir a sua proeza.
Já na vila, encontrou a Laurinha, menina linda e de formas roliças, que há muito mexia com a líbido dele, mas que a sua natural timidez impedia de abordar de forma mais atrevida. Dirigiu-se a ela de semblante sorridente e atirou-lhe:
- Queres ver o meu besugo?
A reacção da rapariga, deixou-o siderado: a Laurinha corou violentamente, levantou a mão, deu-lhe uma sonora bofetada, e afastou-se, nariz levantado e atirando um “Huuuumpff! Exibicionista!”
Nesse dia, Jorginho chegou à mesma conclusão a que todos os homens numa qualquer altura da sua vida chegam. “As mulheres são uns seres incompreensíveis! Muito belas é certo, mas incompreensíveis!”
Mau, era Laurinha ou Rosinha? Depois as mulheres é que são complicadas, o rapaz gosta dela e nem no nome acerta, como é que isso não há-de baralhar a cabeça das mulheres???
ResponderEliminarAgora imagina se a coisa se passa aqui no Brasil, ao norte, e o rapaz pescasse um pirarucú...que é peixe de rio, servido em restaurantes...
ResponderEliminarAS mulheres não são mais complicadas que os besugos!
ResponderEliminarAhahah! Que bela história ;)
ResponderEliminarehehehhe pobre Laurinha, não sei se são as mulheres que são complicadas ou se são os homens que não se sabem explicar...seja como for ou o que for, os dois deveriam saber que a língua portuguesa é traiçoeira eheheh
ResponderEliminarTudo bem contigo?
Beijinho :)
*não tenho vindo aqui porque o meu anti-vírus não me deixa :(
Ahahahahah! Mas que excelente conclusão, aquela a que chegou o Jorginho... ;p
ResponderEliminarEheheh, esse Jorginho era um rapazinho um pouco inocente e ingénuo, não? Mas valeu que sempre se afastou da dita Laurinha que, pelos vistos, era uma sabida... :)))
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