terça-feira, 31 de julho de 2012

O Rosto da Beleza (2)

O Mapa do Bairro (7) - As Novas Cores do Bairro



Só há uns tempos atrás é que soube que, nos prédios recuperados, quem escolhe a cor de que serão pintados, é um gabinete especializado, sob alçada da Cãmara Municipal de Lisboa, e que os nem os donos nem os mestres de obras têm voto na matéria.
Pelo menos neste aspecto, parece que estamos bem servidos.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Marcelino e as Calças Sexuais

Sabe-se que se se perguntar a uma mulher quais as qualidades que privilegiam num homem, ela responderá: inteligência, o senso de humor, a cultura, a sensibilidade (desde que não sejam “demasiado sensíveis”, if you know what I mean), e mais uma ou outra qualidade do género.
No entanto, sabe-se que esta expressão de vontades não passa de uma questão de quererem parecer politicamente correctas. Na maior parte dos casos, a mulher que assim responde, antes de saber se um tipo é inteligente, culto ou se tem sentido de humor, olha-lhe para a carteira e para o carro que conduz. Ou então se o tipo é bonito e tem o corpo trabalhado por 5 horas diárias no ginásio, mesmo que pense que o Big-Bang é uma cena de filme pornográfico com vários intervenientes de ambos os sexos à molhada, ou que a Madame Curie é a dona de um bar de alterne em Celorico da Beira. O que demonstra mais uma vez que de boas intenções…
O meu amigo Marcelino é um caso à parte. Não é um tipo inteligente, mas é esperto, tanto que está já nos quarenta e nunca trabalhou, vivendo de expedientes, seja na venda de artigos de contrafacção, seja a impingir à vizinhança rifas de 50€ para um automóvel que sairá com a lotaria do Natal (mas sem referir o ano do Natal em questão). O mais perto que ele esteve de algo relacionado com cultura, foi quando plantou salsa e coentros na varanda, e quanto ao humor, o que mais o faz rir é um anão que mora na rua de baixo, e que ele saúda sempre com: “Bom dia! Então já sabes o que vais ser quando fores grande?”. E ri-se muito. Aliás, outra das coisas que o faz rir são as suas próprias anedotas, mesmo quando as conta pela 450ª vez. Bom, o marreco das cautelas a quem ele pergunta sempre: “Então, é hoje que dou uma voltinha de camelo?” e os filmes do Louis de Funés, também o divertem bastante. Ao mesmo tempo, isto dá também uma vaga ideia da sensibilidade dele
Portanto, o Marcelino não se encaixa nem nos perfis que as mulheres dizem preferir, nem naqueles que elas realmente escolhem em grande parte dos casos. Mesmo assim, não tem razão de queixa em relação à sorte que tem com elas. E a sua última conquista foi a vizinha do 161, que agora já sei que afinal se chama Ondina, nome que se lhe adequa muito bem tendo em conta as belas curvas do seu corpo (o Marcelino acha que o nome apropriado seria Curvina, mas a mim, por qualquer razão, não me soa bem). Pois o Marcelino desde que lhe contei aquela história que se passou comigo e que aqui já relatei, do dia em que ela vinha a descer a rua e eu a subir, e ela se espalhou com grande espectáculo mesmo à minha frente (e que por causa da mini mini mini saia que ela usava eu consegui ver que ela não trazia cuecas e mais, tinha feito depilação à brasileira) ficou de pé atrás.
- A Odete também se depilava mas ficava com aquilo que parecia a cabeça de um daqueles índios, os matarruanos.
- Moicanos…
- Ou isso. Agora assim como estás a dizer, só nos filmes do Cinebolso. As gajas só rapam tudo p’rós filmes, não me lixes.
- OK, então pergunta-lhe.
- Vou fazer melhor. Vou verificar com os meus próprios olhos.
E não descansou enquanto não a engatou, só para ver se eu não o estava a aldrabar. Bem, o engate nunca me pareceu tarefa muito difícil, o problema dele agora, é que ele é solteiro e quer continuar a ser, e a Ondina tem uma tia velha que vive com ela e mal sai de casa, e que é uma espécie de guarda-costas das virtudes da rapariga, embora esta já me pareça bem rodada e as virtudes me parecerem ser poucas. Só que agora, a velha quer porque quer que a sobrinha case e bem, e que a leve para uma casa com jardim. Ora o Marcelino, a 1ª vez que a foi buscar para sair à noite, levava um fato Armandi de alpaca espelhada tão espectacular que quando a luz se reflectia nele, o Marcelino até encadeava. E a velhota ficou muito bem impressionada, até porque ele teve a gentileza de lhe levar um ramo de flores gamado no Jardim da Estrela, e o Marcelino pareceu-lhe logo um Joe Berardo, mas em bom, até porque coisa que ele tem é bom aspecto.
O problema é que a velhota agora, cada vez que lá vai a casa, não fala noutra coisa senão no anel de casamento para a sobrinha, e a Ondina, influenciada pela velha, também não o deixa esticar-se muito.
- Bolas! Começo a ver que não consigo trincar aquilo sem assumir um compromisso mais sério! nem imaginas como a gaja me entusiasma (não foi bem esta a expressão que ele usou, mas não quero ser grosseiro)! Já viste bem o comprimento daquelas pernas? E o nalguedo? Nem imaginas como fico quando estou ao pé dela. Pshiu, agora cala-te e disfarça, que vêm aí as gémeas.
- Gémeas? Quais gémeas? – foi quando olhei para o mesmo sítio que o Marcelino e era a Ondina que se aproximava, e quando vi que ela trazia vestido um casaquinho muito fino de malha que se via bem que não tinha nada por baixo e que os botões de cima pareciam prestes a serem projectados por aquela força da natureza, percebi a que se referia ele. Ela parou ao pé de nós e disse com uma voz daquelas que faz revigorar um moribundo:
- Bom dia, amorzinho. Para si também, acrescentou olhando para mim com olhos de carneiro mal morto e sorriso a condizer. E acrescentou: Olha, hoje não podes lá ir almoçar a casa. Vou agora para a depilação e não sei a que horas volto. Beijo, querido, e não te esqueças de ires vendo do anel para a tua fofa.
Com aquela da ida à depilação, é que ela o deixou quase a amarinhar pelas paredes
- Eh pá, já não me aguento. Estou aqui que nem posso. Será que ela vai depilar tudo ou só as pernas? Esta gaja dá-me cabo dos nervos. Estou a ver que só lhe vou conseguir saltar para cima e ver se não me estavas a enganar se começar a usar as calças sexuais que o Adolfo me trouxe de Guimarães.
- Calças Sexuais?
- Não sabes? Ele foi a Guimarães à capital da cultura aqui há dias, viu aquilo na montra de um alfaiate e achou tão porreiro que até tirou uma fotografia e me mandou para o telemóvel e perguntou-me se eu queria que ele me comprasse um par. Claro que quis, dei-lhe a minha medida de calças e agora tenho-as lá em casa para as estrear como último recurso. Com esta, ela não me vai resistir. Queres ver a foto?
- Claro! Já agora…
E estendeu-me o telemóvel:
Quando vi, nem queria acreditar, e olhem que eu já vi muita coisa na vida.
Está visto que cada vez mais o sexo é uma importante vertente da cultura.

domingo, 29 de julho de 2012

Body and Face (11) - Dita Von Teese II

Bye Manson, see you in Neverland...

sábado, 28 de julho de 2012

Uma Convocatória do Passado

Há um misto de alegria e de tristeza neste sequente desdobrar dos dias em que os campos vão mudando as suas cores, envergando roupagens quentes, quase sequiosas, e até os cheiros se tornam diferentes. As noites, mais curtas, são também mais densas, transpirantes. Nelas me surpreendo a evocar passados, a convocar fantasmas.
E foi numa delas, que ao tentar conciliar o sono teimoso que não chegava, ao ouvir a voz rouca do locutor de uma rádio qualquer, anunciar uma entrevista a um padre há muitos anos radicado a Oriente, que te convoquei a ti, que há tanto tempo e para tão longe te afastaste. Reconheci-te logo a voz, apesar de não teres mais de 14 ou 15 anos na última vez que falaste comigo e nunca mais te ter ouvido, ou sequer sabido de ti. Mas o timbre arranhado, talvez mesmo um pouco estridente, era inconfundível. Depois, mencionou-te o nome. Mas nem precisava. Soube sempre que o teu sonho era seres franciscano por essas paragens, que na altura, na tua fé e no teu entendimento de garoto, pensavas serem habitados por povos a necessitarem ajuda e evangelização. Curiosamente, nesse aspecto sempre fomos completamente divergentes, tu, cheio de fé, quase beato, e eu, desprendido de qualquer pensamento religioso, por vezes até adverso a essas coisas, talvez fruto da influência de um pai extremamente anti-clerical. No resto, éramos garotos vulgares, percorríamos as ruas do bairro em correria até chegarmos ao jardim, e era aí que passávamos as tardes em brincadeiras iguais às de tantos outros miúdos, em jogos onde a competição acesa, normal naquelas idades, estava sempre presente.
Lembro-me até daquelas competições menos ortodoxas, dos concursos com a urina, a tentar ver quem conseguia atingir mais longe com o jacto, ou dos desenhos feitos com ela nas paredes do primeiro prédio que aparecia mal nos vinha a vontade de urinar. Ou o dos cuspos, com truques aprendidos com os mais velhos, em que se impulsionava a saliva com a língua a servir de catapulta e se cuspia entre dentes.
E ainda hoje me arrepio ao passar nas arcadas do velho jardim e constato da nossa inconsciência ao saltarmos delas abaixo, alheios ao perigo que a altura do salto representava para a nossa integridade, só para provarmos que não éramos medrosos. Como estremeço ao lembrar-me das subidas da rua das Amoreiras na pendura do eléctrico, indiferentes à ameaça do trinca-bilhetes porque sabíamos que éramos mais rápidos que ele, ou dos jogos de futebol clandestinos, com a consequente perseguição policial assegurada.
Mas recordo também os momentos calmos, as tardes de estudo conjuntas, a troca de selos, porque foram eles, talvez, o nosso primeiro interesse mais adulto, embora em estado muito incipiente.
Evoco esses tempos e sorrio. Convoco-te para eles, porque foste tu que comigo os partilhaste muitos desses momentos. Olho para a ampulheta, inexorável, e sei que a areia só tem aquele trajecto descendente, que não há reversão, e que a parte de cima se vai esvaziando a um ritmo cada vez mais acelerado, como se o estreito canal por onde vai escorrendo, se fosse alargando.
Sei que nunca mais nos veremos, e que o último marco, foi aquele abraço de despedida que demos, muitos anos atrás
Em silêncio, quase religiosamente, penso em ti, e interrogo-me se também tu, alguma vez me convocarás para as tuas recordações

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Body and Face (10) - Liv Tyler

Like Father, Like Daughter










Wanna Bite (9) - Lunch Time - Couscous com Camarão de Espinho

Hoje: Couscous com Camarão de Espinho





Foto tirada da net

Como conseguir equivalências sendo mulher

Eis a forma indicada de conseguir várias equivalências na Lusófona, em poucos dias e com pouco esforço


                           

                                                                          Relvas Dixit

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Night' Music (57) - Eddie Floyd-Knock On Wood

Eddie Floyd-Knock On Wood


A Casa do Lobo Ibérico está em perigo. Vamos Ajudar?

Pode-se contribuir, e não só monetáriamente para que o Grupo Lobo não seja despejado do Gradil - Mafra. Vamos ajudar?

Pamela Anderson, Marés Vivas e as Novas Bóias da Fanny

Por vezes sou acometido de acessos de saudade de coisas que alguns poderão considerar demasiado kitsch.
Ontem, e a propósito deste post da PinUpMe, em que esta comentava o insuflamento que os peitos da inefável Fanny da Casa dos Segredos tinham sofrido (quando vi a foto pareceu-me que ela tinha dois pães de Mafra no lugar das mamas), lembrei-me de uma série que qualquer rapaz amante da praia, de sol e verão, não falhava uma emissão, o BayWatch, traduzido para português, e como sempre com uma argúcia muito sui-generis dos tituladores de filmes e séries portuguesas, como Maré Vivas.
Foi nessa série de boa memória, que travei conhecimento com a Pamela Anderson e as suas bóias de salvamento. E recordo-me como então se comentou a nível mundial, os implantes dela – intervenção que na altura ainda não era assim tão vulgar como o é na actualidade – e recordo-me de haver considerações a favor e contra como é natural, mas acho que a rapaziada toda aprovava. A verdade é que Pamela – que tinha tanto de sexy como de actriz berucha, e quer se gostasse ou não, até era gira – fazia um figurão na série e foi o isco para que a mesma alcançasse o sucesso que alcançou (eu sei que chamar a Fanny à colação ou compará-la com a Pamela é mais ou menos a mesma coisa que comparar um baleote a uma sereia, mas aqui até deu jeito).
A série era mázita, principalmente por causa da presença do David Hasselhoff – prefiro a sua “réplica” na série caricatural da Baywatch, “Son of the Beach” o Timothy Stack, que ao menos faz um papel idiota, mas não se arma ao pingarelho – mas foi também, como o Colpo Grosso de que já aqui falei, uma série incontornável, daquelas que sabemos que são más, mas não podemos deixar de ver. Aliás, qualquer psicólogo a recomendaria a adolescentes em plena fase de desenvolvimento.
Quando a Pamela saiu, aquilo perdeu um bocado a emoção (emoção essa criada principalmente naquelas alturas em que ela corria pela praia, por motivos óbvios), mas logo a seguir adquiriu outros “motivos” de interesse como a entrada da Carmen Electra– que tem em comum com Pamela, não só o ter participado na série, mas também por terem ambas casado com maridos pouco recomendáveis, Pamela com Tommy Lee, que a filmou em cenas de sexo e expôs os vídeos na net, e Carmen com Dennis Rodman, basquetebolista e pretenso actor, numa relação que durou poucos dias, e a Erika Eleniak (que já vinha de trás), que tinha em comum com as anteriores o facto de ter posado para a Playbo.Ambas, e mais algumas talvez menos conhecidas, mas não menos dotadas conseguiram manter viva a “chama” dos admiradores da série.
O que eu gostava que agora emitessem séries tão emocinantemente inocentes e saudáveis como o Baywatch, com muitas cenas de salvamento, por exemplo, o de Fanny a fazer o papel de um cetáceo qualquer, salvo na praia pelas bravas nadadoras salvadoras.

E como estamos no Verão e eu sou um coração de manteiga, aqui vos deixo algumas fotos bem refrescantes da sereia.
Belos tempos!

La Belle Fille de Ménage - III/III


A terça-feira levou-lhe anos a passar, mas no dia seguinte acordou como se fosse um dia especial. Quando pensou nisso, considerou que algo de muito forte nascera dentro dele. “Amor? Pode lá ser. Sou a última pessoa a admitir a estupidez do amor à 1ª vista”.
Não. Poderia ser o despontar de uma paixão. Mas era sobretudo um desejo imoderado, nada de acordo com a sua personalidade. Ele, sempre tão ponderado, a sentir-se assim por causa de uma rapariguinha que conhecera há dois ou três dias?
Apanhou o metro 1 de La Defense pouco depois das 5 e pareceu-lhe que aquilo demorava uma eternidade a chegar ao Hotel de Ville. Já na rua, correu para casa temendo que Délphine saísse mais cedo. Mas não, quando entrou em casa ali estava ela, esplêndida, de sorriso radioso quando o viu entrar e o saudou. Ele retribuiu. O cumprimento e o sorriso. Mas estava embaraçado. Em vez de procurar a mãe, estacou a olhar para ela. Parecia em transe.
A mãe apareceu, beijou-o e ele sentiu-se numa situação embaraçosa. Temeu que as perguntas da mãe, mas esta limitou-se a dizer:
- Não te esqueceste que o teu pai tem o congresso em Brest neste fim de semana, pois não?
- Não, mãe. O nosso grupo já tem combinado um fim de semana de cinema. Quando partem?
- Sexta-feira depois do almoço. Já dei folga à madame Hilaire, e gostava que, se pudesses, viesses antes da Délphine sair. Naquele momento, pareceu-lhe sentir todos os sinos de Paris a tocarem dentro de si, porque aquilo dava-lhe uma oportunidade única de estar a sós com a rapariga.
- Claro, mãe, cá estarei.
- Já disse à Délphine para esperar um pouco por ti se fosse necessário, e ela anuiu. É uma jóia, a menina. Estou muito satisfeita com o trabalho dela.
Nesse dia, quando falou com Délphine, sentiu-se um miúdo de tão feliz que estava, antevendo já a tarde de sexta-feira. O que era curioso, é que mais tarde quando se lembrou da conversa que tinham tido e ele lhe referiu o assunto, ela também lhe parecera feliz. E despediram-se como da vez anterior, mas desta ele prolongou o roçar dos lábios pelas suaves faces dela, e sentiu-a estremecer levemente. A bendita sexta-feira por fim chegou.
Pedro pediu a tarde e às 14 horas já estava pelas imediações de casa, mas não quis entrar antes que os pais partissem. Sentou-se numa esplanada quase frente ao prédio onde morava, e só se levantou quando viu o pai sair da garagem conduzindo o seu Mercedes com a mãe ao lado.
Subiu os degraus a dois e dois e chegou à porta com o coração ao pé da boca. Parou tentando recuperar o fôlego. Depois, quando se sentiu mais calmo, meteu a chave à porta. Quando entrou, Délphine não pareceu nem um pouco surpresa. Parecia ela ter-lhe adivinhado as intenções. A verdade é que também o rapaz não lhe era indiferente, e uma tarde de conversa com alguém da sua idade ou pouco mais velho, agradava-lhe, a sua amiga já tinha partido para o Auvergne, sentia-se um pouco só em Paris.
Tinha o serviço quase pronto, e foi isso que primeiro lhe disse. E ele aguardou pacientemente que o terminasse. Mas era uma calma aparente. Por dentro, o rapaz estava em ebulição, debatia-se em sentimentos contraditórios não sabendo até que ponto ela o deixaria aventurar-se. Por fim, sentaram-se na sala e iniciaram a conversa. Foi sabendo mais dela e ela dele, e ele, mesmo sabendo-a na universidade, admirou-se com a cultura tão abrangente que a jovem ia demonstrando. Depois, era também uma apaixonada por cinema.
A certa altura, Pedro atreveu-se a perguntar-lhe se tinha namorado. Respondeu-lhe que não, que namorara um colega de faculdade, mas que tinham terminado há dois meses. Talvez por isso, se sentisse tão só em Paris. Nessa altura, Pedro apertou-lhe a mão, em sinal de solidariedade. Agradou-lhe a carícia, e reteve-lhe a mão dele na sua, pequenina, de dedos elegantes e tão macia que lhe pareceu veludo. Foi este gesto dela a faísca que  despoletou o corpo a corpo que se seguiu: ele não se conteve e aflorou-lhe os lábios com os seus e ela correspondeu prolongando o beijo. Mal ele entreabriu os lábios, a língua dela entrou-lhe ávida e turbulenta pela boca e entrelaçou-se na dele, apanhando-o desprevenido e surpreendendo-o. Ele segurou-lhe a nuca e deliciou-se com o seu sabor doce e que se mesclava estranhamente com aquele cheiro a alfazema que toda ela parecia transpirar. Depois, percorreu-lhe o delicado pescoço até que os lábios chegaram ao lóbulo da orelha. Ela estremeceu e ele deu-lhe uma pequena mordidela aguçando o desejo que sentia nela.
A mão livre também não parava, percorria-lhe o corpo, subia-lhe pelas pernas, que sentiu entreabrirem-se, para sua satisfação. Os corpos cada vez se desinquietavam mais, e a roupa incomodava. Ele levantou-se e tirou rapidamente o polo que vestia, depois puxou-a a si e começou a despi-la, função a que ela se dispôs com agrado.
Quando ela ficou só de cuecas e soutien negros, ele afastou-a ligeiramente e apreciou a sua beleza. Parecia que sonhava e pediu aos deuses para não acordar.
- Mais tu est trop belle.
Ela sorriu com aquele sorriso maravilhoso, e agarrou-se a ele beijando-lhe o peito, enquanto ele lhe desapertava o soutien. Depois, ele meteu-lhe as mãos entre as pernas, e sentiu aquela humidade tépida que lhe repassava as cuecas. Deitou-a no sofá, e tirou-lhas. Nunca imaginara uma criatura tão bela: as pequenas mamas tão turgidas que pareciam ir explodir, o umbigo perfeito, e aquele novelo húmido cor de avelã formando um triângulo perfeito na união das suas pernas. Livrou-se do resto da roupa, e deitou-se de lado olhando-a, enquanto lhe acariciava os mamilos entumescidos que pareciam crescer. Entregaram-se á exploração do corpo do outro com o desejo a latejar-lhes nas veias, e deixando rastos de saliva que se misturavam com os suores cálidos de ambos, elevando a temperatura dos corpos que se transformavam em vulcões de desejo. As carícias pareciam não ter fim, já não havia centímetro de corpo que não conhecessem um ao outro. O calor de Julho misturava-se com o da excitação que ambos sentiam, e a espera já ia longa.
Quando se fundiram os corpos, ela prendeu-o em si, como uma bainha prende uma adaga, mas apertando-se à sua volta e recusando-se a deixá-la sair, ele sentia os fluidos dela escorrendo no seu corpo enquanto ela, com as mãos nas suas nádegas, o puxava a si. E não paravam de se beijar. Os corpos quase não se moviam, como que querendo prolongar eternamente aquele prazer. Quando explodiram, foi audível aquele “amo-te” que ele lhe ciciou ao ouvido, e o pequeno grito agonizante dela. Estremeceram ambos mais duas ou três vezes, após o que ele se estendeu ao lado do corpo ainda agitado de Délphine, que permanecia de olhos fechados, saboreando aquele momento. Dizer que a luxúria era considerada pecado!
Daí a pouco, como que ressuscitou e falou-lhe de como há muito não se sentia tão feliz. A sua voz tornara-se lânguida e ligeiramente rouca, ainda mais sensual. Respondeu-lhe ele que desde o primeiro momento que a vira, sentira por ela uma atracção incontrolável, que ela era a mulher mais bela e doce que alguma vez encontrara.
Depois de algum tempo em declarações amorosas de um para o outro, voltaram à mais desejada refrega a que se podem entregar os corpos de um homem e uma mulher.
Como a juventude estava do lado deles, a luta durou até ao anoitecer, altura em que adormeceram exaustos, ela amorosamente com uma perna sobre as dele, ele a sentir aquele novelo macio e ainda húmido na sua coxa e a sonhar que afinal sempre havia paraíso e era bem terreno.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Night' Music (56) - ZZ Top - La Grange

ZZ Top - La Grange


A Riqueza da nossa Língua, espelhado em Três piqueníssimos Diálogos

A seguir, relato três pequeníssimos diálogos que mantive com três pessoas diferentes, numa pequena aldeia da Beira-Baixa com a qual tenho muitas afinidades, e que dão bem a ideia da riqueza do nosso léxico
1-
- Então e como é que ela vem de França?
- Vem de Auto-Pluma
2 -
– Então e como é que teve o acidente?
- Foi um cabrão num semi-tralha que me atirou prá valeta
3 –
- Esta sopa está boa. É de quê?
- É de baldrecas

La Belle Fille de Ménage - II/III

“Napoleão, quando trouxe do Egipto umas tantas múmias, quis que Cléópatra repousasse em Paris. Essa calamitosa rainha está sepultada no Jardim da Biblioteca, à Rua Vienne, perto da Bolsa. O seu pó faz parte do pó de Paris; e prende-se à nossa roupa, entra em nós. Talvez o erotismo de Paris seja devido às emanações dessa perigosa múmia! (Pitigrilli) .
O impacto do primeiro encontro deixou marcas.
Apesar do banho frio, a noite de Pedro foi agitada. Já o jantar tinha sido estranho, com ele, que habitualmente era atento e expansivo com os pais, a mostrar-se muitas vezes alheio à conversa, facto que a mãe lhe fez notar. Desculpou-se com um dia complicado no escritório. Felizmente era sábado, pensou quando se levantou, um pouco mais tarde e mais cansado que o habitual. Tomou o duche matinal, bebeu o sumo de laranja fresco acompanhado de um pãozinho com manteiga e saiu para a sessão de ténis com os amigos.
O fim de semana passou rápido e divertido, e quando se deitou no domingo à noite, Délphine não era mais que uma vaga lembrança lá bem escondida num cantinho da sua memória.
Porém, na 2ª feira o expediente acabou por se resolver mais cedo, estava a chegar o período de férias – em Agosto, Paris como que faz uma sesta prolongada – e as empresas pareciam já estar a limpar as secretárias. O tempo, demasiado quente para o que era normal para a época, ajudava nesse preguiçar antecipado.
Quando chegou a casa, a primeira coisa com que se deparou foi com Délphine em cima de um pequeno escadote e de costas para si, a limpar a parte superior do espelho do hall. A voz da mãe que falava ao telefone tinha abafado o ruído da chave a rodar na fechadura e da porta a abrir-se, pelo que a rapariga continuou imperturbável o seu trabalho, o que lhe permitiu observá-la. Movia-se com a graciosidade de uma pequena ave e o corpo ondulava ao sabor dos movimentos do pano do pó.
Notou-lhe na cabeça uma pequenina touca sobre o cabelo preso no cimo da cabeça como da primeira vez, que lhe dava um aspecto engraçado. E tinha realmente umas pernas bem torneadas, sem meias, e a posição em que se encontrava aliada ao facto de a saia da farda que a mãe lhe comprara lhe ficar ligeiramente curta, permitia-lhe ver mais do que esperava e sentiu-se  um pouco envergonhado, quase um voyeur.
Pigarreou para anunciar a sua presença, e ela virou-se para ele, sorriu, mas não pareceu nada incomodada.
- Bonjour, M’sieu – enquanto a mãe que acabara o telefonema, chegava junto dos dois e o beijou.
- Boa tarde, filho. Pouco trabalho, já vi
- Bonjour, Délphine. Boa tarde, mãe. É verdade, estão-se todos a preparar para ir de férias – depois, não achou de bom tom continuar a falar em português à frente da rapariga, e disse: Excusez-moi, e ela sorriu-lhe fazendo-o entender que percebera.
Ainda ficou um pouco a falar com a mãe sobre trivialidades, enquanto pelo canto do olho ia seguindo os movimentos da rapariga. Achou-a ainda mais bela que da outra vez que a vira. Tinha uns olhos belíssimos e uma boca convidativa demais. E aquele pele, que devia ser macia como as asas de um anjo…e os seios, hum…os pequenos seios…
Foi até ao quarto, tomou um duche, vestiu-se desportivamente e voltou para a sala. Délphine estava a acabar a limpeza, e preparava-se para arrumar a roupa que passara na parte da manhã. Ele aproveitou e meteu conversa, perguntando-lhe como ia na Sorbonne. Ela respondeu-lhe positivamente, e para satisfação dele, verificou que a conversa lhe agradava, mesmo que lhe atrasando as tarefas. Quando ele se apercebeu que a ia demorar, desculpou-se, mas ela respondeu que dispunha de tempo – as aulas já há muito tinham terminado, estava de férias - e que ia só arrumar a roupa, e depois poderiam conversar.
Sentou-se na sala a ver televisão, mas a verdade é que não via nada: esperava ansiosamente por ela, e agradeceu aos deuses a ausência da mãe, que se tinha ido encontrar com uma amiga. Quando ela voltou, já sem a sedutora fardinha, mas com um conjunto branco de saia e blusa, que não a deixava menos desejável. Estava muito elegante, uma autêntica parisienne.
Pediu-lhe para se sentar e ela anuiu. Iniciaram então uma pequena conversa que lhe permitiu saber, que a rapariga, além de extremamente atraente, era bastante inteligente. E ele parecia não se cansar de ouvir aquela voz cantada. A sua excitação era tão visível, que, envergonhado, cruzou as pernas.
A determinada altura estabeleceu-se um silêncio, e ela aproveitou para se despedir:
- Excusez-moi, Pedro. C’est déjà trop tard.
- Ah! Oui, bien sur. Peut-être, la prochaine fois. Au revoir, Délphine.
E então ele atreveu-se a despedir-se dela como é hábito os franceses com alguma intimidade fazerem, beijando-a. Veio-lhe às narinas aquele aroma suave a alfazema que ela desprendia, e sentiu a macieza e calidez da pele. Mas sobretudo exultou, porque ela correspondeu aos seus beijos muito naturalmente.
Ao jantar, os pais notaram que ele estava muito alegre. Feliz, até. Sentiram-se felizes por ele, mas nem desconfiavam da causa de tal exaltação.
Nessa noite, dormiu como se o mundo todo lhe coubesse na mão.
Como os pequenos seios de Délphine

terça-feira, 24 de julho de 2012

Fashion Blogger, Again - Hoje, fotografaram-me...

...e perdi a cabeça





A Barba dos Famosos Mais Cobiçados

Dizem que actualmente são as barbas mais desejadas pelas mulheres...


George Clooney


Jon Hamm


...aí está uma "moda" a que nunca aderirei. Com a barba que tenho, em vez de sex symbol iria parecer um sem.abrigo

La Belle Fille de Ménage - I/III

Os pais não faziam parte da multidão de imigrantes comuns, tinham-se integrado na alta burguesia parisiense, o pai era director de uma empresa de média dimensão, mas importante, a mãe era professora num colégio particular luxuoso, fazia voluntariado no Hôpital Pitié-Salpêtrière. De vez em quando, recebiam um grupo selecto de amigos para jantares com tudo o que de melhor se encontrava no Marché Bastille, e cozinhado pela rotunda madame Hilaire.
Viviam num apartamento mediano – na perspectiva da classe social que frequentavam – mas a que não faltava nenhum luxo, com duas suites, um pequeno escritório, uma cozinha eficiente e uma sala ampla com área de refeição e de estar, situado no Marais, virado para a Place des Vosges
Quanto a ele, tirado um curso de economia e gestão, tinha sido convidado pela directoria portuguesa de uma grande multinacional, mas optara por terminar o estágio que lhe tinham oferecido numa pequena empresa muito bem cotada em La Defense.

Todos os dias saía de casa impreterivelmente às 8h, caminhava até à maravilhosa Place Igor Stravinski, sentava-se na esplanada da Dame Tartine, e o criado que parecia conhecê-lo desde sempre, ao fim de 2 minutos trazia-lhe um crepe com molho de groselha e um café com leite. Tinha dez minutos para a pequena refeição e para admirar mais uma vez as extraordinárias figuras que se deslocavam sobre o lago – parecia ser um ritual que lhe augurava o dia, aquele de ver todas aquelas cores em movimento. Depois, descia até ao Hotel de Ville onde apanhava o Metro linha 1 das 8,30h. Mas nunca tinha horário de regresso.
Era atraente no seu metro e oitenta bem cuidado diariamente no ginásio mas sem exageros. Devia agradar às mulheres, porque não lhe faltavam nunca namoradas, embora ele não fosse um tipo volúvel, muito menos do género one night stand.

Talvez agradasse às raparigas o seu cabelo muito escuro, tal como os olhos, o seu queixo firme e o andar decidido. Ou talvez a sua personalidade um pouco reservada mas de humor acutilante, a sua elegância inata, o cuidado que tinha consigo próprio. Nunca saía de casa deixando algo da sua apresentação ao acaso. Nesse aspecto, sabia-se previsível, mas preferia assim.
Portanto, a sua vida decorria conforme o plano, parecia um relógio suíço. Tinha inteligência, dinheiro, uma vida social e sexual bastante activa e tudo isso lhe dava grande tranquilidade e paz de espírito.
Contudo, estava escrito que naquela 4ª feira em que a mãe pôs um anúncio no jornal a pedir uma femme de ménage para substituir a velha madame Zizou, tudo iria mudar. Responderam várias candidatas, todas atendidas pela mãe e sujeitas a interrogatório cerrado e rigoroso, e curiosamente, a senhora decidiu-se pela mais nova de todas. Talvez tivesse influenciado na decisão, o motivo principal que a candidata apresentara para desejar aquele emprego: era estudante na Sourbonne, e a bolsa de estudo e a pequena mesada que os pais lhe mandavam da Haute-Savoie eram curtas para pagar os estudos e a renda das pequenas águas-furtadas que tinha alugado com uma colega em Saint-Germain. A mãe sempre prezara muito quem se esforçava por alcançar uma cultura superior, quem se queria valorizar.
No dia seguinte, quando chegou a casa mais cedo do que o habitual, deparou com surpresa que se encontrava no pequeno hall com alguém que não conhecia. Encarou estupefacto uma rapariga linda, que parecia ter pouco mais de 18 anos e que o olhava curiosa e com as faces ligeiramente acerejadas. Detrás dela, surgiu a mãe:
- Bonjour, mon fils. Apresento-te a Delphine, a substituta de madame Zizou, e nova empregada de limpezas – e sorria, talvez gozando o efeito surpresa que a rapariga tinha causado no filho, que continuava sem reacção e com a surpresa estampada no rosto.
Quando recuperou a compostura, sorriu e apresentou-se:
- Ah, bon! J’suis Pedro. Enchanté. – e curvou ligeiramente a cabeça
Ela respondeu com um sorriso e um “merci, M'sieu” com uma voz suave, quase ciciada.
Diabo, a rapariga tinha uma voz sensual, perfeitamente de acordo com a figura. Era ligeiramente alta para mulher, tinha o cabelo claro meticulosamente entrançado e enrolado no cimo da cabeça que, depreendia ele, devia estar seguro por ganchos. Os olhos eram cor de avelã com grandes pestanas e encimados por sobrancelhas claras como o cabelo e que mal se notavam, nariz ligeiramente arrebitado e coberto de sardas e a boca vermelha e bem desenhada. A cara era perfeitamente oval, e o penteado preso, fazia-lhe sobressair o pescoço comprido e muito branco, tal como as pequenas orelhas quase transparentes e ligeiramente afastadas da cabeça, facto que lhe emprestava uma graça muito especial.
O corpo…bom o corpo era esplêndido, pernas altas, ancas perfeitas, cintura estreita, e os seios eram pequenos e espetados. Imaginou que lhe cabiam nas mãos. Pensou que não namorava uma rapariga cujos seios lhe coubessem nas mãos, desde os tempos do liceu. E sentiu a excitação que dele se apoderara, acentuar-se.
Entretanto, ela pediu licença e deixou o hall, ao mesmo tempo que ele se dirigiu ao quarto seguido pela mãe, que lhe perguntava:
- Então, agradou-te? É uma rapariga muito educada e estuda na Sorbonne. E parece muito competente.
- Sim, mãe. Embora me pareça demasiado bem vestida para femme de ménage.
- É só hoje, Pedro. Amanhã vou-lhe buscar a farda. Vai começar a vir às 2ªs, 4ªs, 6ªs e nos dias em que recebermos amigos. Depois despediu-se enquanto ele se despia e se metia debaixo do duche e manteve a água fria. Depois de um dia de trabalho e de uma visão daquelas, tinha mesmo que tomar um duche frio.
Imaginou enquanto espalhava o gel pela pele, que era possível que aquele não fosse o único duche frio que tomaria nos próximos tempos.
(continua)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

The Nothing Box

Consegui aperfeiçoar tanto o meu cérebro, que já consegui que a minha Nothing Box nele ocupasse mais de 80%bdo seu espaço:

Da Outra Colina


No pequeno jardim, enquadrado por árvores de respeitável envergadura, sombrio e limpo, a única nota dissonante na harmonia da manhã fresca é o homem deitado no banco, nas mãos um jornal de notícias velhas e letras desbotadas, ao lado, no chão, uma garrafa de refrigerante, meia de vinho tinto. Nos olhos fundos, a sombra da noite não dormida. Não parece um sem-abrigo, mas passo por ele e sinto um estranho incómodo.
Chego-me ao gradeamento do miradouro e espreito a outra colina, no outro lado do vale onde repousa a baixa da cidade. Serena, como sempre ao domingos de manhã. Esse, é um dos objectivo da minha visita, ver de um local que nunca fez parte das minhas memórias mais antigas, os sítios que percorri vezes sem conta, da outra “margem”, vê-los com um olhar diferente, mais distanciado.
Este jardim não é meu. O outro, em frente, que debrua a colina com aquele estranho cor-de-rosa-quase-violeta, sim. Subi aquela calçada, ligeira mas prolongadamente íngreme, vezes sem conta, umas à boleia do “amarelo” que saía do Carmo, com destino no Rato, outras, a pé, ao som de pregões perdidos no tempo, como os dos ardinas, que iam ali ao Bairro Alto levantar os jornais, de que depois gritavam as notícias do dia por toda a cidade. E quase me consigo ver a subi-la novamente. Lá ao longe....
Se aqui, quase tudo me é um pouco estranho, além, até os mármores da igreja de S. Roque me são familiares, passando pelos alfarrabistas, pelos cafés, pelo movimento constante. Ou por aquele outro jardim, donde se tem uma das mais belas vistas da parte velha da cidade.
Gosto de diversificar os ângulos porque vejo as coisas. Tento assim, dar curso à imaginação, abrir novas perspectivas, diversas das que me são mais habituais. Até as que tenho da vida. Por isso muitas vezes me imagino fora do meu corpo, a assistir à minha própria vida como se estivesse confortavelmente sentado numa plateia de um cinema. De preferência, na antiga sala do S. Jorge, que sempre foi a minha preferida, excepção aberta ao S. Luís, mas esse poucas vezes cumpria esse desiderato.
Talvez por uma estranha associação de ideias, vem-me à ideia a figura de um Vadinho descarado, sentado no rebordo do guarda-roupa, assistindo à vida que a sua viúva Dona Flor, vai prosseguindo sem ele. Será essa uma possibilidade para nós, no após? Terá o grande escritor baiano acertado quando criou a sua empolgante ficção? Confesso que são dúvidas sobre as quais por vezes especulo tranquilamente, embora seja pouco dado a divagações metafísicas.
A visita terminava. Viro-me. O homem da garrafa continua agarrado aos jornais velhos e a uma vida que jaz líquida dentro de uma garrafa e que é mais ficção que o romance do Jorge Amado. Nos outros bancos, os ocupantes interessam-se por notícias mais actuais, de preferência de carácter desportivo, e ele nem um olhar de comiseração lhes merece.
Gostei de uma das "minhas" colinas vista dali e fotografei-a A cidade continua bonita. Apesar das pequenas tragédias que a povoam

domingo, 22 de julho de 2012

Canções de Vida (14) - Crosby, Stills and Nash - Suite Judy Blue Eyes

Crosby, Stills & Nash - Suite Judy Blue Eyes


Body And Face (9) - Jeri Ryan

Já que falei nela... Encheu "Shark" de classe. O James Woods que o diga. Tal como "Leverage", "Boston Legal" ou "Body of Proof", além de outras aparições esporádicas noutras séries.

Dúvida Existêncial - Será que as Actrizes Sexy (gajas boas) Estragam as Séries de TV?

Será que as actrizes mais apelativas do ponto de vista visual (desculpe-se o português), estão ultimamente a ser preteridas como protagonistas nas boas séries de TV?
É que tenho reparado que, salvo raras excepções*, ultimamente as boas séries de televisão não incluem as chamadas actrizes sexy, que, muitas vezes serviam de chamariz, especialmente para o sexo masculino e (não querendo sr má lingua), não tendo em conta somente o seu valor como actrizes.
Ou será mesmo por isso, porque elas agradam demasiado aos homens, e desviam a sua atenção da qualidade das séries? Ou então, esta uma hipótese mais retorcida, têm sido as mulheres que são o público preferencial da tv, a fazerem força para que as actrizes escolhidas estejam mais de acordo com o padrão da mulher normal?

Exemplos: Midsomer Murders; Memphis Beat; Dr. House (últimas temporadas); XIII; The Firm; Luther and so on. O Criminal Minds fica-se nas meias tintas.

* - Podem-se considerar excepções Guerra dos Tronos; Mad Men; Satisfaction (esta teria mesmo que se ser, não é?); Spartacus (para quem gosta) e não cito o CSI (qualquer dos 3) porque a sua qualidade é por vezes posta em causa, e porque muitas das que actrizes que fazem parte dos elencos, já estão a caminhar para uma idade, como direi?, provecta.

A Jeri Ryan, que é esta senhora aqui em cima, e que foi protagonista no "Shark" e entrou esporadicamente em Boston Legal, ainda se vai safando com (pequenos) papéis em séries como "Lei e Ordem", ou "Leverage"

sábado, 21 de julho de 2012

Night' Music (55) -The Moody Blues - Nights In White Satin

The Moody Blues - Nights In White Satin



Fashion Blogger Again - Como passar a ferro as camisas



Agora digam que um homem não consegue passar camisas a ferro em condições!

Conselhos Para Enfrentar a Crise (1)



Usar SEMPRE papel higiénico preto

Ícones do Século XX (1) . Marilyn Monroe


Quem habitualmente vê a série Mad Men, está familiarizado com o estilo de mulher da altura: cintura de vespa, ancas e mamas generosas, exactamente o oposto do corpo escanzelado que actualmente – talvez a “moda” esteja a esmorecer – é mais “fashion”.
Era assim Marilyn Monroe, a rainha dos écrans no século passado,durante os anos cinquenta, e o início dos 60.
Norma Jeane Mortensen de seu verdadeiro nome, e que faleceu com 36 anos devido a uma ingestão excessiva de barbitúricos em Agosto de 1962 – perfazem-se 50 anos no próximo dia 5, e a sua morte ainda hoje é motivo de muita especulação, dado o seu envolvimento amoroso com o presidente americano - teve uma vida curta e atribulada, e quando morreu, era a mulher que todos queriam ter, e todas queriam ser: bonita, escultural, sensual, atrevida – dizia que para dormir só usava Chanel 5 – e loura platinada. Foi talvez a primeira verdadeira “loura burra” do cinema - uma pose estudada e explorada por realizadores, e da qual nunca se conseguiu verdadeiramente descolar - e foi também a primeira mulher a posar para a Playboy (por sinal, em pose bem mais ousada do que aquelas que as nossas pequenas estrelas adoptam na mesma revistas 50 anos depois.

Nunca como então e nos anos seguintes ao seu desaparecimento, se viram tantas louras platinadas – não sei se também tantas louras burras - na América dos Westerns e da Marlboro, da segregação racial, de Kerouac e da Route 66, de Kennedy e de Elvis Presley, Bill Haley e do Rock’n’roll. Ou de James Dean, que partira uns anos antes dela.
Marilyn é um dos ícones do século XX, e apesar de há muito ter partido, permanece como um símbolo da eterna beleza feminina

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Night' Music (54) - The Beatles - Strawbery Fields Forever

The Beatles - Strawbery Fields Forever


E se a Deputada Cidinha Campos fosse portuguesa?



Isto é para quem ficou muito chocado com as afirmações do Bispo Januário Torgal Ferreira

Wanna Bite? (8) - Lunch Time (E Como "casam" as Gambas com uma Massa)



"Gambas fritas em Alho e Piri-Piri, com Linguini al Dente"
Acompanha: Verde Branco Alvarinho

A Guerra dos Sexos - Duas Questões que Nunca Vou Entender

Há duas questões que sempre me assombraram na “guerra dos sexos”, principalmente porque nunca entendi a sua razão de ser.
A primeira tem a ver com o chamado síndrome “tampa de sanita”. Já o vi debatido em inúmeros fóruns de opinião, e continuo sem perceber qual a relevância do assunto para que tal constitua sujeito de discussão.
Cá em casa, e sem nunca se ter debatido tal assunto, é assim: indivíduo do sexo masculino que vá urinar, levanta a tampa da sanita, a não ser que ande com o ponto de mira desafinado, tendo, nesse caso, que o fazer sentado. Se for do sexo feminino, só tem que baixar a tampa. Não vejo onde está a dúvida, nem porque se perde tanto tempo a debater um assunto de solução tão óbvia.
Alguém me explique, que eu agradeço.
A segunda, tem a ver com a dicotomia feminina, beleza/inteligência, isto é, o facto de muitas mulheres que se consideram inteligentes, sendo bonitas, ficarem ofendidas quando o outro sexo lhes aponta este último predicado, e também tenho estranhado ver o assunto debatido.
Porque se ofende uma mulher bonita e inteligente quando se lhe elogia a beleza? Eu quando vou ao museu d’Orsay, paro em frente a um quadro de Van Gogh e acho lindíssimo. Verbalizo para quem vai comigo, esse meu sentimento. Provavelmente, se Van Gogh ainda fosse vivo e me ouvisse, ficaria lisonjeado. Algumas mulheres belas, ofendem-se quando alguém lhes realça a beleza. Não entendo. Nesses fóruns, o argumento mais esgrimido por elas é que querem ser reconhecidas pela sua inteligência, e não pela sua beleza. Muito bem, certamente que haverá tanto de mulheres inteligentes, como há de homens. Ou até mais, porque há mais mulheres que homens. Mas…e então? Em que parte é que tal pode anular a expressão do reconhecimento da sua beleza?
O mais curioso, é que muitas delas, a seguir vêm a elogiar o Brad Pitt. Certamente, pela sua inteligência.
Mas isto faz algum sentido?

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Uma Fatalidade que há muito se Aguardava...

O Portátil XL há muito que se qeixava (não percebo porquê, nunca lhe bati, só se fosse pelo excesso de horas de laboração), e ontem acordou a dar berros agonizantes que se ouviam no andar de baixo. Claro que a Isaura aproveitou para vir cá acima ver se eu estava a bater na minha mulher, mas eu sosseguei-a e mostrei-lhe de onde vinham os gritos, e ela foi-se embora desiludida por não ter de que me chacinar junto aos outros bisbilhoteiros do café da esquina.
Assim, em conselho familiar, foi decido conceder ao desgraçado a aposentadoria (da qual regressará daqui a uns tempos remoçado, e entretanto foi substituído por um mais moderno, mais fininho e leve - notei na face do velho quando viu o neoófito um olhar misto de inveja e ódio (afinal, a juventude e a elegância são duas dos atributos mais invejados, e ainda não se descobriu a fonte da juventude dos portáteis) - com tantas luzinhas que parece uma mini árvore de Natal. Vamos ver agora é se este não passa já à idade do armário e me começa a dar dores de cabeça. Para já, faz-me a letra mais bonita.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Nos 94 Anos de Madiba

Perfaz hoje 94 anos, uma das mais importante figuras do século XX.
Figura incontornável quando se fala da luta anti-racista, Mandela, símbolo maior de África e das independências negras, mais especificamente da luta anti-apartheid, foi já retratado por muitos biógrafos, pelo que não seria eu a acrescentar algo de importante.
No entanto, e porque gostei especialmente do texto que segue, escrito por Luís Sepulveda no seu livro “O Poder dos Sonhos”, aqui o deixo para vocês.
Nasci no Chile, e no Chile não há negros. Mas os amigos tratam-se carinhosamente por “negros”, a gente humilde, a minha gente, na sua amorosa linguagem, trata-se por “negros”. “Que quer comer, negrito?”,”O mesmo que você, negrita”. As classes poderosas, quer dizer, os pinochetistas disfarçados de centro-direita, usam a negritude como um insulto: um trabalhador que pede melhores salários, é “um negro de merda”. Não obstante esta confusão a propósito do facto de se ser negro, em geral, os Chilenos gostam dos negros e chamam-lhes negritos. Se os peruanos, bolivianos e equatorianos que sobrevivem no Chile fazendo os piores trabalhos, que os chilenos branquitos se negam a realizar, fossem negros, não sentiriam tanto menosprezo e racismo.
Não nos custa gostar dos negros e temos razões para isso: o homem mais brilhante do século XX é um negro - Nelson Mandela. Um dos personagens cinematográficos mais nobres foi protagonizado por um negro - Sidney Poitier. Um dos melhores romances que li foi “A cabana do pai Tomás”, o maior desportista da história chama-se Mohamed Ali, a voz mais perfeita para cantar o amor era a de Bola de Neve, os melhores músicos do século passado chamaram-se Charlie Parker, Louis Armstrong e Miles Davis.
Nada nos custa gostar de negros, mas, infelizmente, há negros que não deixam que se goste deles. Como gostar de Michael Jackson, um negro desbotado e de péssimos cosumes? Quem poderá gostar de Condolezza Rice, essa negra escondida atrás de trejeitos de WASP, que fez carreira política vendendo a sua raça, renegando o legado de Martin Luther King, Myriam Makeba e Malcom X? E quem poderá sentir carinho por Colin Powell, esse negro que chegou a empalidecer no Conselho de Segurança da ONU, ao mostrar um frasquinho de sais de banho, assegurando que era “uma arma iraquiana de destruição maciça”, esse negros de modos bruscos cujo erotismo enlouqueceu Ana Palacio, e que, podendo escapar para as pradarias da decência como um digno chimarrão, prefere continuar no seu triste papel de bimbo ao serviço da máfia de Bush?
Talvez seja justo ressaltar que há brancos, negros e “gente de cor”. Mandela é negro, resplandescentemente negro, luminosamente negro; pelo contrário, Condolezza Rice, Cheney, Rumsfeld, Negroponte, Aznar, Berlusconi, Blair, Powell e Le Pen são “gente de cor”. De cor duvidosa.
Luis Sepulveda, in O Poder dos Sonhos, 2004

terça-feira, 17 de julho de 2012

Night' Music (54) - Deep Purple - Strange Kind of Woman

Deep Purple - Strange Kind of Woman




Jon Lord - 1941/2012

O Pesadelo do Fim De Semana


Fazer zapping, e deparar com o Manuel Luís Goucha a abocanhar um salsichão*!
 



* - A Alexandra Lencastre também abocanhou! Lambona!

O Rosto da Beleza

Wanna Bite? (7) - Para im dia como o de hoje, uma coisinha leve e nada de álcool

Limonada com hortelã

Pão caseiro barrado com azeite, requeijão, salmão fumado e ervas aromáticas