E já agora...a ler
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Frase do dia (1)
E já agora...a ler
domingo, 24 de julho de 2011
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Memórias...(o texto)
…remetem-me para a casa dos meus avós, algo semelhante à das imagens, e que fotografei numa minúscula aldeia da beira interior.
A dos pais dos meus pais, também ela fazendo parte de uma pequena povoação situada nos contrafortes da Guardunha, foi construída pelas mãos grandes e ossudas do meu avô e alguns dos seus amigos, pedra sobre pedra, encaixadas de forma estranha para nós, habituados à exactidão do tijolo e do cimento, mas de uma beleza crua, primordial. O meu avô era como a terra que o rodeava, rude, rijo. Pequeno de altura, mas grande de alma, de vontade, de força. E foi à custa dessa sua força, que a casa de xisto foi erguida.
Não vivia miseravelmente como grande parte dos vizinhos- poder-se-ia dizer que tinha uma vida razoável, fruto do muito que trabalhara em novo – pelo que a construiu segundo os cânones da aldeia, mas um pouco maior que o habitual, o que a fazia sobressair no fim da rua onde se erguia, um pouco acima das outras.
A arquitectura era rudimentar e a distribuição das divisões fazia-se ignorando as questões estéticas, mas de forma funcional, segundo as prioridades da forma como na altura ali se vivia.
A casa tinha dois andares. O rés do chão, de pé muito alto, era dividido em duas partes: à frente, uma enorme despensa, que dava para a rua e onde se entrava por uma porta larga de dois batentes – a que se chamava “loja” – e onde se guardavam alguns utensílios de lavoura e todas as provisões da casa, desde os presuntos enterrados numa barrica cheia de sal, ao pão de centeio - feito uma vez por semana no grande forno que o meu avô erguera num canto do grande quintal, e que funcionava mais ou menos como forno comunitário devido à generosidade da minha avó – enfiado em sacos de pano que por sua vez, eram metidos no meio dos grãos de centeio e milho, guardados em duas grandes arcas de madeira. Do outro lado, a casa dos porcos – a furda – que se situava estrategicamente (já irão saber porquê) por debaixo da grande cozinha.
Para a parte habitável propriamente dita, no 1º andar,entrava-se por umas escadas laterais, já dentro do quintal, à frente do qual se erguia um muro de pedra, alto e tosco. Chegados ao cimo das escadas, seguindo em frente, a porta da cozinha e à esquerda a porta que dava acesso à sala e quartos.
Na cozinha destacavam-se logo duas coisas: as vigas nuas do tecto de telha vã, escurecidas pela fuligem do fumeiro, e a grande lareira de pedra e respectiva chaminé, precisamente a meio da parede esquerda, e onde fervilhavam quase sempre duas ou três pesadas panelas de ferro negras, de tripé e tamanhos diferentes. Na parede em frente à porta, uma grande janela, com vista para o pinhal da encosta em frente e para as faldas da serra. A um canto, uma mesa tosca e vários “mochos” – bancos de madeira, com assento de palha entrançada – onde se comia, e onde luzia sempre um cestinho com um pão, ao lado do qual repousava uma queijeira com queijo, amarelo ou picante, conforme a ocasião. A um dos cantos da cozinha, o pormenor mais insólito: um alçapão! Este, com o qual os adultos tinham sempre muito cuidado quando se encontravam crianças, dava para a furda dos porcos e estava colocado mesmo por cima da pia da comida dos suínos e por onde eram atirados os restos que podiam servir para lhes complementar a dieta: batatas, melancia, melão e mais o que os animais pudessem comer.
A outra parte da casa, estava dividida rudimentarmente, como era ali hábito: uma grande sala – tão grande que ali se chegou a servir o copo-de-água do casamento de um dos meus tios paternos – ao fundo da qual se situavam quatro quartos divididos por tabiques de madeira, três deles tão exíguos, que só lá cabiam as camas, uma cadeira e uma pequena banqueta onde se pousavam os castiçais com vela, que nessa altura, a eletricidade não passava de uma quimera. O outro quarto , o dos donos da casa, que generosamente o cediam a um dos filhos que por lá pernoitasse com a respectiva mulher, já era um pouco maior, e tinha, além da cama, cadeira e banqueta, um grande guarda-roupa. No lado direito da sala, um outro tabique a todo o comprimento, que escondia uma escada que dava para um sótão, onde o meu avô guardava uma variedade considerável de artefactos: de chocalhos para as cabras, ovelhas e vacas, aos magníficos safões de pele de cabra que ele usava quando ia para o mato, passando por guarda-chuvas antigos e cangas para juntas de bois, e muitas outras coisas que não consigo enumerar. Era o meu sítio preferido da casa e onde me perdia horas a brincar com o que calhava ou estendido a descansar e a olhar para o telhado, onde, por entre as telhas arredondadas e esverdeadas pelo musgo, o sol se esgueirava por entre alguns pequenos espaços que se abriam entre elas, ferindo, aqui e ali a penumbra, e a pensar já nem sei em quê, mas penso que em coisas muitos prosaicas, como é normal num rapaz de nove ou dez anos.
A casa era rodeada por um grande quintal. Não havia flores, a minha avó era muito pragmática - a família era numerosa, o espaço tinha que ser todo aproveitado de forma útil e, dizia ela, não tinha tempo para regar flores. Mas não faltavam aromas que perfumavam o ar e chegavam até à casa, especialmente o que subia de um pessegueiro largo, que na altura devida, se enchia de frutos sumarentos, tão pesados que lhe dobravam os ramos até quase baterem nochão, árvore que era o orgulho do meu avô, juntamente com o caramanchão por onde serpenteava uma videira que produzia as mais doces uvas ferral com que eu alguma vez me deliciei durante toda a vida.
Depois, havia as mantas de trapos que a minha avó fazia, e estendia durante o verão a meio de uma das leiras do quintal, e onde espalhava figos e uvas de várias qualidades, que, depois de apanharem a quantidade de sol apropriada, se transformavam em deliciosas passas. Havia ainda, lá muito ao fundo – o quintal teria uns 300 metros de comprimento, talvez mais, era em socalcos, no último dos quais o meu avô abrira um poço, de onde, com uma nora artesanal, retirava a água necessária aos legumes que ele cultivava nesse ultimo degrau do terreno e que chegavam para o sustento da casa, e por vezes ainda sobravam para algum vizinho menos abonado pela sorte e com filhos para sustentar – um muro que delimitava a propriedade, e que era debruado por uma gigantesca silva, que produzia umas suculentas amoras silvestres, quase do tamanho de ameixas - pode ser exagero, mas sabe-se que, quando crianças tudo nos parece grande, e todos os adultos nos parecem velhos – e que, excesso de gula, me provocaram certa vez, problemas intestinais tão intensos, que me serviram de aviso para o futuro.
As cabras à solta pelo quintal, o cheiro intenso que vinha da “corte” onde descansava a mula e o macho, os dias da matança, a colheita da azeitona, tarefa árdua mas compensadora, os dias de vindima sempre com a família em alegre confraternização à volta da mesa farta…tantas memórias que nem saberia por onde começar.
Ah! pois! Não havia casa de banho...
sábado, 16 de julho de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Canções de Vida (1) - Fever/Peggy Lee
Por estes dias, em que Esperanza Spalding ocupa todas as revistas com retratos da artistas sublinhados com os mais diversos elogios, imagino-a numa versão de "Fever" na qual exibisse as suas duas artes (do canto e de contrabaixista). Mas duvido muito que, na vertente vocal, alguém se possa comparar à potência e intensidade com que Peggy Lee "pegou" no tema.
Renascendo...
Vamos ver se por muito tempo, e com assiduidade aceitável...
sábado, 16 de abril de 2011
Coisas de Homem (ou de gajo...) V - Spectator Day
sábado, 26 de março de 2011
Sweet 60's (7)/ Spencer Davis Group - Gimme some Lovin'
segunda-feira, 21 de março de 2011
As Minhas Séries de TV

Hoje, ao fazer umas arrumações - algumas, na própria memória - decidi-me a tentar escolher quais as minhas 25 séries de TV preferidas de sempre. Obviamente, cingi-me às que vi através dos canais nacionais.
Aí vai, pois, a lista, decerto com lacunas imperdoáveis. Mas aceitam-se sugestões.
- Agatha Christie's Marple
- Agatha Christie's Partners in Crime
- Agatha Christie's Poirot
- Allo! Allo!
- Blackadder
- Boston Legal
- Brideshead Revisited
- Colditz
- Cribb
- Enemy at the door
- Fawlty Towers
- Foyle's War
- Jeeves and Wooster
- Jewel of the Crown
- Keeping up appearances
- Maigret
- Monty Python's Flying Circus
- Muppet Show
- Perry Mason
- Prime Suspect
- Seinfeld
- Sherlock Holmes
- Vicar of Dibley
- Walking the Dead
- Yes Minister

domingo, 20 de março de 2011
quarta-feira, 16 de março de 2011
da Mesa de cabeceira (1) - O Livro do Desassossego

- "...porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente, e não porque pensa..." pág.39
- "Este livro é só um estado de alma, analisado de todos os lados, percorrido em todas as direcções" pág. 399
- "Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo" pág. 353
Sweet 60's (6)
terça-feira, 15 de março de 2011
Coisas de homem (ou de gajo)...- IV - O problema dos comprimentos de mangas e calças

A foto acima, de dois por demais conhecidos homens do jet-set internacional, ilustra de forma flagrante, dois estilos muito diferentes de vestir. Na minha opinião, é o vestir elegante sem esforço, e o esforçar por estar bem vestido, sem minimamente o conseguir.
Com efeito, Luca di Montezemolo, considerado um dos homens mais bem vestidos do mundo, enverga de forma impecável, um fato assertoado feito por medida, e…com todas as medidas correctíssimas. Pelo contrário, Schummacher, com um fato que creio ser Boss, não ficaria menos elegante se envergasse antes, o habitual fato de piloto de automóveis, ou mesmo, um saco de batatas: as mangas estão compridas demais, as pernas das calças estão compridas demais…enfim, está tudo demais, inclusive aqueles inacreditáveis sapatos. A conclusão a que há muito cheguei, é que o dinheiro, por muito que seja, não compra elegância ou bom gosto.
Bom, mas o curioso nisto, é que, por cá, há muito o hábito de, mesmo nos círculos mais “elegantes” - já o tenho visto, até em passagens de moda, o que é realmente inesperado - os homens usarem calças demasiado compridas, a cair sobre os sapatos, formando uma espécie de harmónio sobre eles. Ora a regra manda que as calças caiam até aos sapatos, não sobre. Como no caso de Luca, na foto.
Outro dos pecados habituais dos elegantes portugueses, é o comprimento excessivo das mangas dos casacos. Neste caso, a regra é que a manga, quando o braço estiver esticado ao longo do corpo, deve deixar ver 1,5 a 2cm do punho da camisa.
São regras fáceis, e que dão outra distinção a quem usa um fato, ou mesmo, um conjunto de blaser e calças diferentes. Sim, eu sei que o fato por medida cada vez está menos acessível, mas, que diabo, não conheço nenhuma loja por mais modesta que seja, que não faça os ajustes requeridos pelo cliente, e muita vez isso basta para dar aquele toque de elegância, tanta vez ausente por mero desleixo.