sábado, 5 de junho de 2010

Inauguração de uma Cask Ale (Cervejas I)

Poderá parecer pouco poético a quem me conhece iniciar este local falando de cerveja, mas a verdade é que a efervescente (nem sempre) bebida ocupa uma parte dos meus interesses diários. Portanto, nada de muito escandaloso na escolha do tema. Que aliás passará a ser recorrente por aqui. Prometo.
Portanto, vamos ao assunto sem mais perda de tempo.
Ontem assisti pela 1ª vez à inauguração de uma Cask Ale em Lisboa, mais precisamente no Les Enfants Terribles, restaurante que se situa no centro comercial que ocupa o espaço onde outrora se erguia orgulhoso um Cinema Monumental, hoje já só uma ténue reminescência na memória dos lisboetas.
E o que é uma Cask Ale? perguntará o português para o qual a cerveja se resume à imperial gelada ou à mini, e para quem o ceptro de melhor cerveja do mundo será sempre da Sagres ou da Super Bock, dependendo do local, mais a sul ou mais a norte, onde resida.
Resumidamente, uma Cask Ale é uma cerveja que é embarrilada pouco depois da sua feitura, sendo que leveda então, produzindo uma carbonatação muito característica que liberta componentes influentes nso seu aroma e sabores futuros. O excesso dessa carga gasosa é libertada aquando da abertura do barril, a qual é feita de forma muito característica (esta parte foi tirada do libreto exposto no local, e que referia o evento).
Nesta altura, seria interessante postar aqui algumas fotos do acontecimento, mas a minha habitual distracção levou-me a deixar a máquina fotográfica em casa, e achei que a cerimónia que em si contém algo de litúrgico, merecia mais que umas tremidas (era a emoção do momento) imagens tiradas por telemóvel.
Este método é todo ele muito "british", e posso dizer que a cerveja - no caso uma Master Brew, de uma antiquíssima cervejeira do Kent, a Shepherd's Neame - exalava um intenso odor a pão, a que correspondia um palato igualmente intenso. E espuma a condizer, claro.
Este tipo de cervejas, é o que os ingleses designam por Session Ales, dado que a sua baixa graduação alcoólica permite, sem receio de grandes efeitos secundários, a sua ingestão na razoável quantidade que permita molhar qualquer interessante e prolongada discussão sobre o tempo, o corte do fato, a notável performance do Wayne Rooney do último domingo, ou o derradeiro escândalo sexual envolvendo membros da família real.
Confesso-me mais versado e interessado noutro tipo de cervejas mais vigorosas, mas essas por vezes, se não acompanhadas com algum forro de estômago, podem-nos pregar partidas inesperadas, que esta Master Brew dificilmente consegue.
Apreciei, além da cerimónia - que teve em si aquela toque quase mágico que sente aquando da nossa "1ª vez" de qualquer coisa, desde que seja agradável - a companhia excelente.
E gostei também de saber que Lisboa tem a partir de agora um sítio com uma carta decente de cervejas (os Enfants Terribles já tinham algumas muito boas - todas as esplêndidas Chimay de garrafa ou a bela Leffe Brunne de barril - mas assim sobe a parada de forma assinalável), na qual luz a partir de agora a Spitfire à pressão, uma Ale da cervejeira já evocada, toda a gama (ou quase) da também inglesa Samuel Smith da qual vos deixo uma fotografia do meu espólio pessoal, e outra notáveis das quais a maravilhosa Bush Ambré é só um exemplo.
Ah! e para que conste: o "novo" Monumental é uma estalada no gosto arquitetural de qualquer lisboeta que se preze. Mas o Les Enfants Terribles tem uma bela panorâmica sobre o Saldanha.
Até logo
Vic
P.S. - Juro que a gerência do Les Enfants Terribles não sabe que escrevi este texto. Portanto, nem pensem em considerar isto como publicidade paga!

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Eu leio todos com atenção. Mas pode não ser logo, porque sou uma pessoa muito ocupada a preencher tempos livres!