domingo, 16 de janeiro de 2011

Coisas de homem (ou de gajo)...- I

De há muito que ouço dizer que, segundo os mais reputados psicanalistas – que conseguem explicação para tudo, coisa que sinceramente admiro – todo o homem tem o seu lado feminino.
Pela minha parte, e depois de uma intensa introspecção, descobri que esse pedaço menos evidente de mim, talvez tivesse que ver com o meu fraco por sapatos, fraqueza que partilho, sei-o bem, com a maioria das mulheres que conheço, pessoal ou virtualmente (neste caso, a constatação vem do muito que tenho lido aí pelos blogs).
Contudo, divergimos, eu e a maioria das mulheres, no que tem que ver com a questão do “estar na moda”. Na verdade, enquanto a maior parte das mulheres aspiram pelo último modelo do Manolo Blahnik ou de Christian Louboutin, eu mantenho os meus gostos muito clássicos, e quem me tira uns “brogues” ou uns “loafers” clássicos, tira-me tudo. É evidente que me não são indiferentes as marcas, até porque as minhas preferidas são uma garantia de qualidade. Mas, como refiro, não procuro o último grito da moda, e sim a “good old english leather”.
Voltando aos fins dos anos 60, altura em que comecei a comprar os meus próprios sapatos, recordo que comprava bons sapatos nacionais na Presidente ou na Luís XV, embora já os olhos me fugissem para os Church, só que a diferença de preço era realmente abissal, e a diferença de qualidade não me parecia compensar. Com o andar dos tempos, a chegada das peles sintéticas e umas criações que se pretendiam avant-garde mas não passavam de patetas, cada vez mais me fui afastando do sapato nacional. Na verdade, parece-me que actualmente se fazem melhores sapatos para exportação que para consumo interno, e a Mack James é só um exemplo de marca que, ao que parece, tem modelos bem concebidos e de qualidade, mas que raramente se encontram à venda com facilidade. Geralmente, o sapato português tem um design fraco (na minha óptica, naturalmente), e é pouco durável.


Resultado, hoje as minhas preferências vão definitivamente para os produtos das fábricas de Northamptom, especialmente os Crockett & Jones, Edward Green ou Church. Claro que há melhor, e se forem daqueles feitos por medida pelo John Lobb, Foster ou mesmo pelos italianos da Bontoni, então nem se fala. Mas aí já entramos em preços quase proibitivos, e nem me parece que a exclusividade compense despender tais verbas. Afinal, tenho uns modestos “brogues” da Church que já vão no seu 12º aniversário, e continuam ali para as curvas. Ora o que verdadeiramente procuro num par de sapatos é que a relação qualidade/preço seja óptima, e a qualidade não se resume ao conforto que o sapato nos fornece, mas também à sua longevidade, que dá sempre uma patine muito especial aos sapatos, sejam eles bem cuidados.
Os da imagem, encomendei-os há uns meses atrás numa loja de Lisboa. São uns “chestnut single monk”, calçam que é uma maravilha e a cada vez que são engraxados, me parecem ficar mais bonitos.

2 comentários:

  1. Talvez eu precise te falar do meu lado masculino: odeio saltos! Acho lindo só nas outras mulheres! :))

    Sapatos, tênis, chinelos e blá blá blá somente os bem confortáveis e que se dane a moda e marcas!
    Mas têm que estar limpos... ou engraxados... ou escovados... e... lavados sei lá!

    É... eu sou mesmo da pá virada! \o/ \o/ \o/

    Beijos.

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  2. Quando comecei a poder comprar os meus sapatos com o meu dinheiro comprei uns "Lotus" castanhos de pala que no tamanho andavam de meio em meio ponto. Custavam na Presidente 550$00 (escudos ouro). Depois em 1975 comprei outros iguais mas pretos que já custavam 1650$00 (escudos).

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Eu leio todos com atenção. Mas pode não ser logo, porque sou uma pessoa muito ocupada a preencher tempos livres!