segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A estranha questão do sapato português




Ao que tenho lido, a industria de sapatos nacional está num momento de grande fulgor, e as exportações estão a subir em flecha. Por uma qualquer razão que desconheço, procuro sapatos nacionais com padrão de qualidade que entendo ser o mínimo exigível e não consigo encontrar. Já cheguei à conclusão que os sapatos portugueses de qualidade são na sua totalidade exportados, ficando por cá somente o refugo.
O que por vezes me tem sido dito quando ponho esta questão a quem possa ter alguma opinião sobre o assunto, é que em Portugal não existe mercado para os - poderemos chamar - “topo de gama” por cá fabricados, uma vez que estes atingiriam preços incomportáveis para a bolsa do português médio.
Ora esta explicação é no mínimo estranha, uma vez que por cá se vêm à venda sapatos ingleses, americanos ou espanhóis. Então, custa-me acreditar que sapatos importados de grande qualidade possam ter mercado e os nacionais não. Um bom par de sapatos importados pode custar qualquer coisa a partir dos cento e tal euros em época normal (nos saldos o preço poderá em alguns casos baixar). Como é então possível que os “sapateiros” nacionais não consigam competir internamente com o que vem de fora?
Veja-se por exemplo o caso espanhol. Há muito que Espanha tem marcas de sapatos de boa qualidade (yanko ou Loutusse), e neste momento tem até pelo menos uma de grande qualidade (digo pelo menos uma porque é a que conheço melhor, além de que não conheço tudo o que por lá se faz) e capaz de competir com os melhores que se fazem em Northampton (o “berço” do grande sapato inglês): o Carmina.
Os das imagens são: 1- Modelo 815, forma Forrest, em vegano chestnut; 2 - Modelo 732b, forma Forest, em camurça castanha, e terão um preço a rondar os 300 e poucos euros. Poder-se-á dizer que não são baratos. Pois não. Mas também não se tratam de sapatos para durar 2 ou 3 anos e sim bem mais que uma década ou duas. O modelo torna-os intemporais, e a qualidade confere-lhes uma durabilidade inquestionável (admito que o de camurça possa ter uma vida mais curta). É só ter para com eles os cuidados mínimos de manutenção.
Agora digam-me se por cá não seria possível fabricar qualquer coisa do género a preços competitivos

P.S. - Lembro-me de uma história com uns anos: numa entrevista, um dos maiores magnates portugueses do séc. XX e conhecido pela sua sovinice, quando o entrevistador lhe disse que ao contrário do que afirmara ao dizer-se um homem muito poupado, possuía um automóvel de luxo (tratava-se de um Bentley dos anos 50), afirmou que, pelo contrário, não se tratara de um luxo, antes teria sido mesmo uma das suas melhores compras, uma vez que o carro já tinha mais de 40 anos e continuava a andar na perfeição.

8 comentários:

  1. Há modelos da Carmina mtº bons e um pouco mais baratos (200 e tal €). Vale a pena ir a Madrid, à loja da marca na Claudio Coello. Até pq vale a pena visitar a loja, mesmo que não se compre nada (será difícil resistir...)

    ResponderEliminar
  2. Tenho uma tara assumida por Botins. Não gosto de sapatos, e no dia a dia (leia-se trabalho) botas estão fora de questão. Dou-me mesmo muito bem com botins. Mas não é fácil encontrar em Lisboa e arredores, artigos decentes e que fiquem na retina.
    Até que fui ao Porto recentemente. Passei na Rua de Sta. Catarina e na de Sto. Ildefonso, e comprei 3 pares. Não comprei mais porque financeiramente seria o descalabro. Mas ficou a vontade. No mercado tradicional fui feliz. :)

    ResponderEliminar
  3. Amigo JC, conheço a loja mas nunca lá entrei. Da próxima vez que for a madrid - espero que breve - lá irei, até porque também quero visitar mais umas lojas ali por perto, como a BowTie e outras. Abraço

    ResponderEliminar
  4. Troll, tens que me explicar a diferença entre botas e botins, ok? É que sempre me pareceu que era a mesma coisa e que se tratava da mesma coisa, mas pelos vistos estava enganado.
    Só tenho 2 pares de botas, umas daquelas grossas da Timberland que só uso em dias muito frios com roupa muito informal, e umas outras Crockett & Jones que são excelentes.
    Infelizmente não vou muito ao Porto, mas já me tinha constado que alguns fabricantes nacionais preferem vender só ali. A mack James, por exemplo, vendia-se em Lisboa numa sapataria da Rua Garrett, mas esta foi à falência e parece que agora quem os quiser tem mesmo que ir ao Porto. Tenho mesmo que ir até lá e ver o que por lá se merca :)

    ResponderEliminar
  5. Os botins têm, por regra, este aspecto:
    http://www.stylix.pt/homem/sapato-abotinado-calvin-klein.html

    É um sapato que vai até ao tornozelo. :)

    ResponderEliminar
  6. Ah! ok. É uma questão de "naming". Eu chamo a isso botas. Provavelmente, terá para ti que botas irão até perto do joelho. Mas esses botins correspondem em tamanho ás botas que eu tenho e que, se quiseres, poderás ver aqui:
    http://www.shoes.shoppingsection.co.uk/Merchant2/merchant.mvc?Screen=PROD&Product_Code=044&Category_Code=

    ResponderEliminar
  7. Depois dizem que o negocio vai mal!!!
    Andei em vários sites de fabricantes de sapatos para homem com "plataforma interior" que aumenta em +- 7cm a altura, o que em homens baixos faz toda a diferensa... propus a varias fabricas o modelo e nada ninguem se interessou. Então virei-me para Esapnha e agora importo a + 110€ cada par e não chegam paras as encomendas... Era um nicho de marcado a explorar, mas por cá nada vale a pena, preferem fazer xinelos ou sapatinho de vela para usar com meia branca... Não passamos de um pais de empresários do ferrari vermelho a pagar o ordenado minimo...

    ResponderEliminar

Eu leio todos com atenção. Mas pode não ser logo, porque sou uma pessoa muito ocupada a preencher tempos livres!