Ontem, manhã de quarta-feira de cinzas, este microcosmos onde vivo, acordou chocado: na noite anterior tinha falecido a avó do Marcelino,.
“O senhor do INEM disse que não havia nada a fazer“ diziam algumas vizinhas, “Coitada, tão nova”. Bem, a senhora tinha 90 anos, mas calei-me. “Morreu enquanto dormia. Ainda bem, não sofreu, a pobre”
Portanto, para mim e até às 11 da manhã, hora a que encontrei o Marcelino, a defunta tinha sucumbido a a um ataque de coração fulminante.
Depois, é outra história e conta-se em poucas palavras. O Marcelino mora novamente com a mãe e a avó desde que se divorciou pela 3ª vez. A mãe conhece-o suficientemente bem para, quando ele se casou pela 1ª vez já com um pouco mais de 30 anos, nunca lhe ter “desfeito” o quarto. Isto é, ela sabe que os casamentos nunca duram muito, e entre casamentos, o Marcelino tem sempre ali o seu aconchego. E muito personalizado, que ele guarda lá coisas do tempo da pré-primária. Mas para definir o quarto dele, poder-se-ia dizer que é um caos organizado (um reflexo exacto do cérebro do proprietário), Caos…porque é um caos. Organizado, porque se, por exemplo alguém lhe pedir um livro ou um filme - e ele tem literalmente, montanhas deles - ao fim de 5 segundos tê-lo-á na mão.
Nesta altura, deve-se uma explicação: uma das suas paixões são os zeppelins e os balões de ar, assunto sobre o qual possui ampla bibliografia, bem como uma colecção de filmes - em DVD e VHS - muito apreciável.
Ora um dos passatempos favoritos da senhora era ver televisão, e nessa noite ter-se-á queixado com alguma irritação à filha, que na televisão não estava a dar nada de jeito. Foi aí que a filha cometeu o erro da sua vida: o Marcelino não estava e ela entrou-lhe no quarto. Deu uma olhadela a uma pilha de filmes e escolheu um cuja lombada exibia o sugestivo nome “The Big American Balloons”, deduzindo ser sobre uma das mais características pancadas do filho. Chegou à sala, meteu o filme no leitor de dvd, carregou no play, virou-se para a mãe e disse: “Entretenha-se”, e foi para a cozinha. Voltou daí a um quarto de hora, estava já a velha senhora esticada no sofá, de olhos esbugalhados e sem sinal de funções vitais.
Foi quando se virou para a televisão alertada por uns sons estranhos que de lá vinham e viu que o filme que tinha metido no leitor, não era exactamente sobre o assunto que supunha ser.
Enfim, uma fatalidade.
Que grande fatalidade! E distração, da mãe do Marcelino, que conhece tão bem a fibra do filho, mas... :)))
ResponderEliminarTambém não percebo porque é que as pessoas vem com essa frase feita do "afinal ainda era tão nova", mesmo que se trate de uma pessoa de idade avançada! Manias de não pensar no que se diz... ;)
São aquelas frases de ocasião. Como quando eu falo dos "rapazes" da minha idade , Tété
Eliminar"The Big American Balloons" :)
ResponderEliminarFuck. True Story?
Not fucking kidding, man :)
Eliminaré triste uma pessoa escangalhar se a rir com uma coisa destas, não é?
EliminarxD
(earlymorningtalk.wordpress.com - que o blogger não me deixa comentar decentementeeeeeeeeeeeeeee)
Não é nada triste. Nunca te riste com o espalhanço de alguém? :)
EliminarCom a palavra balloons... imagino!!!
ResponderEliminarDD cup size, suponho eu S*
EliminarSe calhar os balloons até eram da marca PIP, é que uma desgraça nunca vem só!
ResponderEliminarSe calhar. Mas os EUA a importarem essas coisas de França? Ná, não me cheira :-)
EliminarEra coisa para também matar a minha avó. Ela já acha um anúncio de gelados um bocadinho atrevido de mais para o seu gosto...
EliminarO quarto do Marcelino faz-me lembrar o meu velho quarto. Hoje em dia arrumo tudo e não sei de nada.
Acredito, Alexandra. Até a minha, que já morreu :)
EliminarE viste? Há coisas que vale mais não mudar
As melhoras