quinta-feira, 26 de julho de 2012

La Belle Fille de Ménage - III/III


A terça-feira levou-lhe anos a passar, mas no dia seguinte acordou como se fosse um dia especial. Quando pensou nisso, considerou que algo de muito forte nascera dentro dele. “Amor? Pode lá ser. Sou a última pessoa a admitir a estupidez do amor à 1ª vista”.
Não. Poderia ser o despontar de uma paixão. Mas era sobretudo um desejo imoderado, nada de acordo com a sua personalidade. Ele, sempre tão ponderado, a sentir-se assim por causa de uma rapariguinha que conhecera há dois ou três dias?
Apanhou o metro 1 de La Defense pouco depois das 5 e pareceu-lhe que aquilo demorava uma eternidade a chegar ao Hotel de Ville. Já na rua, correu para casa temendo que Délphine saísse mais cedo. Mas não, quando entrou em casa ali estava ela, esplêndida, de sorriso radioso quando o viu entrar e o saudou. Ele retribuiu. O cumprimento e o sorriso. Mas estava embaraçado. Em vez de procurar a mãe, estacou a olhar para ela. Parecia em transe.
A mãe apareceu, beijou-o e ele sentiu-se numa situação embaraçosa. Temeu que as perguntas da mãe, mas esta limitou-se a dizer:
- Não te esqueceste que o teu pai tem o congresso em Brest neste fim de semana, pois não?
- Não, mãe. O nosso grupo já tem combinado um fim de semana de cinema. Quando partem?
- Sexta-feira depois do almoço. Já dei folga à madame Hilaire, e gostava que, se pudesses, viesses antes da Délphine sair. Naquele momento, pareceu-lhe sentir todos os sinos de Paris a tocarem dentro de si, porque aquilo dava-lhe uma oportunidade única de estar a sós com a rapariga.
- Claro, mãe, cá estarei.
- Já disse à Délphine para esperar um pouco por ti se fosse necessário, e ela anuiu. É uma jóia, a menina. Estou muito satisfeita com o trabalho dela.
Nesse dia, quando falou com Délphine, sentiu-se um miúdo de tão feliz que estava, antevendo já a tarde de sexta-feira. O que era curioso, é que mais tarde quando se lembrou da conversa que tinham tido e ele lhe referiu o assunto, ela também lhe parecera feliz. E despediram-se como da vez anterior, mas desta ele prolongou o roçar dos lábios pelas suaves faces dela, e sentiu-a estremecer levemente. A bendita sexta-feira por fim chegou.
Pedro pediu a tarde e às 14 horas já estava pelas imediações de casa, mas não quis entrar antes que os pais partissem. Sentou-se numa esplanada quase frente ao prédio onde morava, e só se levantou quando viu o pai sair da garagem conduzindo o seu Mercedes com a mãe ao lado.
Subiu os degraus a dois e dois e chegou à porta com o coração ao pé da boca. Parou tentando recuperar o fôlego. Depois, quando se sentiu mais calmo, meteu a chave à porta. Quando entrou, Délphine não pareceu nem um pouco surpresa. Parecia ela ter-lhe adivinhado as intenções. A verdade é que também o rapaz não lhe era indiferente, e uma tarde de conversa com alguém da sua idade ou pouco mais velho, agradava-lhe, a sua amiga já tinha partido para o Auvergne, sentia-se um pouco só em Paris.
Tinha o serviço quase pronto, e foi isso que primeiro lhe disse. E ele aguardou pacientemente que o terminasse. Mas era uma calma aparente. Por dentro, o rapaz estava em ebulição, debatia-se em sentimentos contraditórios não sabendo até que ponto ela o deixaria aventurar-se. Por fim, sentaram-se na sala e iniciaram a conversa. Foi sabendo mais dela e ela dele, e ele, mesmo sabendo-a na universidade, admirou-se com a cultura tão abrangente que a jovem ia demonstrando. Depois, era também uma apaixonada por cinema.
A certa altura, Pedro atreveu-se a perguntar-lhe se tinha namorado. Respondeu-lhe que não, que namorara um colega de faculdade, mas que tinham terminado há dois meses. Talvez por isso, se sentisse tão só em Paris. Nessa altura, Pedro apertou-lhe a mão, em sinal de solidariedade. Agradou-lhe a carícia, e reteve-lhe a mão dele na sua, pequenina, de dedos elegantes e tão macia que lhe pareceu veludo. Foi este gesto dela a faísca que  despoletou o corpo a corpo que se seguiu: ele não se conteve e aflorou-lhe os lábios com os seus e ela correspondeu prolongando o beijo. Mal ele entreabriu os lábios, a língua dela entrou-lhe ávida e turbulenta pela boca e entrelaçou-se na dele, apanhando-o desprevenido e surpreendendo-o. Ele segurou-lhe a nuca e deliciou-se com o seu sabor doce e que se mesclava estranhamente com aquele cheiro a alfazema que toda ela parecia transpirar. Depois, percorreu-lhe o delicado pescoço até que os lábios chegaram ao lóbulo da orelha. Ela estremeceu e ele deu-lhe uma pequena mordidela aguçando o desejo que sentia nela.
A mão livre também não parava, percorria-lhe o corpo, subia-lhe pelas pernas, que sentiu entreabrirem-se, para sua satisfação. Os corpos cada vez se desinquietavam mais, e a roupa incomodava. Ele levantou-se e tirou rapidamente o polo que vestia, depois puxou-a a si e começou a despi-la, função a que ela se dispôs com agrado.
Quando ela ficou só de cuecas e soutien negros, ele afastou-a ligeiramente e apreciou a sua beleza. Parecia que sonhava e pediu aos deuses para não acordar.
- Mais tu est trop belle.
Ela sorriu com aquele sorriso maravilhoso, e agarrou-se a ele beijando-lhe o peito, enquanto ele lhe desapertava o soutien. Depois, ele meteu-lhe as mãos entre as pernas, e sentiu aquela humidade tépida que lhe repassava as cuecas. Deitou-a no sofá, e tirou-lhas. Nunca imaginara uma criatura tão bela: as pequenas mamas tão turgidas que pareciam ir explodir, o umbigo perfeito, e aquele novelo húmido cor de avelã formando um triângulo perfeito na união das suas pernas. Livrou-se do resto da roupa, e deitou-se de lado olhando-a, enquanto lhe acariciava os mamilos entumescidos que pareciam crescer. Entregaram-se á exploração do corpo do outro com o desejo a latejar-lhes nas veias, e deixando rastos de saliva que se misturavam com os suores cálidos de ambos, elevando a temperatura dos corpos que se transformavam em vulcões de desejo. As carícias pareciam não ter fim, já não havia centímetro de corpo que não conhecessem um ao outro. O calor de Julho misturava-se com o da excitação que ambos sentiam, e a espera já ia longa.
Quando se fundiram os corpos, ela prendeu-o em si, como uma bainha prende uma adaga, mas apertando-se à sua volta e recusando-se a deixá-la sair, ele sentia os fluidos dela escorrendo no seu corpo enquanto ela, com as mãos nas suas nádegas, o puxava a si. E não paravam de se beijar. Os corpos quase não se moviam, como que querendo prolongar eternamente aquele prazer. Quando explodiram, foi audível aquele “amo-te” que ele lhe ciciou ao ouvido, e o pequeno grito agonizante dela. Estremeceram ambos mais duas ou três vezes, após o que ele se estendeu ao lado do corpo ainda agitado de Délphine, que permanecia de olhos fechados, saboreando aquele momento. Dizer que a luxúria era considerada pecado!
Daí a pouco, como que ressuscitou e falou-lhe de como há muito não se sentia tão feliz. A sua voz tornara-se lânguida e ligeiramente rouca, ainda mais sensual. Respondeu-lhe ele que desde o primeiro momento que a vira, sentira por ela uma atracção incontrolável, que ela era a mulher mais bela e doce que alguma vez encontrara.
Depois de algum tempo em declarações amorosas de um para o outro, voltaram à mais desejada refrega a que se podem entregar os corpos de um homem e uma mulher.
Como a juventude estava do lado deles, a luta durou até ao anoitecer, altura em que adormeceram exaustos, ela amorosamente com uma perna sobre as dele, ele a sentir aquele novelo macio e ainda húmido na sua coxa e a sonhar que afinal sempre havia paraíso e era bem terreno.

8 comentários:

  1. Gostei do toque, como uma carícia, que despoletou tudo o resto.

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  2. Ai... calor...

    Mudando de assunto, já fui muito feliz em La Défense :)

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  3. :)))

    E viveram felizes para sempre?

    Beijinho :)

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  4. Que belo desfecho.
    Acredito nestes Paraísos terrenos.
    Quase fiquei sem ar, as tuas palavras tiraram-me o fôlego.
    Ai, Vic, deixaste-me prostrada.
    Vou recuperar.
    Tens um jeito todo especial para as descrições e narrações.
    Adorei!
    Beijinho.

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  5. Vitória, vitória e acabou-se a história! Sem finais felizes para sempre... :)

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  6. Belo conto, três partes fantásticas e que não podiam acabar melhor :)

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  7. Voltei para ler o desfecho e quase fico sem ar.Realmente muito bom.

    :)

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Eu leio todos com atenção. Mas pode não ser logo, porque sou uma pessoa muito ocupada a preencher tempos livres!