quinta-feira, 28 de junho de 2012

Elogio da Preguiça

Confesso: sou um preguiçoso militante.
Aliás, não tenho que confessar, assumo-o sabendo que nesta minha opção estou acompanhado de grandes vultos e orgulho-me da companhia. Por exemplo, sempre fui um admirador de mestre Agostinho da Silva, mas quando o ouvi numa sua conversa vadia afirmar que o homem não tinha sido criado para trabalhar e sim para usufruir, dolente, do que o rodeava, tornei-me um indefectível.
Para não me desviar dos meus objectivos, tenho sempre presente uma sábia máxima de um longínquo amigo meu, que repetia muita vez e eu já aqui mencionei: “Há dias em que só me apetece trabalhar. Nessas alturas, encosto-me a um canto e espero que a crise passe “.É verdade que este tipo de decisões em relação ao que somos e ao que queremos ser, dá trabalho, o que, de certa forma, macula a pureza das nossas intenções, mas estas, por mais nobres como é o caso, têm sempre um preço.
Como é evidente, a situação tem-me fornecido tempo extra e embora não me dedique a elucubrações esotéricas, entrego-me assiduamente a divagações metafísicas, o que me tem proporcionado profundas reflexões e consequentes reposicionamentos quanto às minhas convicções, nomeadamente religiosas. É assim que, depois de muitos anos de estreito ateísmo, me tenho tornado agnóstico, descaindo mesmo, muitas vezes - aproximadamente 104 vezes por ano - para a crença, que se vai aprofundando conforme se vai a semana aproximando de 3ª ou 6ª feira e consequente extracção do Euromilhões.
Logicamente que, e para que as convicções se tornem consistentes, têm que se apoiar em argumentos fortes, pelo que, estendido na rede à sombra das palmeiras, com uma leve brisa a servir de embalo, vou dando umas pequenas leituras á Bíblia - friso: pequenas, que aquilo tem muitos personagens e se forço, acontece-me como quando tentei ler o “Guerra e Paz“, e ia tendo um esgotamento.
Acrescento desde já que não comecei bem, uma vez que calhei abri-la naquela parte dos 10 Mandamentos e quando li aquela do “Não cobiçarás a mulher alheia“ nem quis acreditar. Uma pessoa que escreve aquilo é porque não conhece a Sylvia, a mulher do Mário, que é checa e que é daquelas mulheres cujos peitos anunciam a sua presença com uns segundos de antecedência e quando sai, as nalgas ainda demoram um bocadinho. E o autor daquelas sentenças, na sua pretensa omnisciência, deveria saber que há tentações às quais é impossível escapar, ou não fôssemos nós todos humanos. Já para não falar no trabalho que dá resistir.
Para terminar, peço desculpa por algum erro ortográfico ou por a prosa não ser muito legível, mas escrever deitado na rede, torna-se um pouco incómodo e bastante trabalhoso, pelo que já estou um pouco ofegante, o que me faz ficar com a letra tremida.

18 comentários:

  1. O meu avô era perito em mandar trabalhar.
    Já o meu irmão, convenceu-se, um ano, que sendo sacristão não precisaria de estudar. Chumbou.
    Escusado será dizer que se arreliou tanto com os santos que só voltou à igreja anos mais tarde (uns 20),para casar.:)
    Nunca fiando!;)

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    1. Eu mandar também gosto, Nina:)

      (nunca fiando é nos sacristões, eheheheh)

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  2. :D

    (preguiça até no comentário eheheh)

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  3. Realmente não é fácil ler este texto, e comentar muito menos...mas levantar da rede para o ler em condições ou comentar, dá muito trabalho :p eheheheh

    Beijinho e viva a preguiça :)

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  4. Também sou dessas, preguiçosa militante. :)
    Acredito que não concordes com todos os mandamentos. Mas então e aquele do "santificarás o dia do descanso"? Esse já o deves cumprir à risca, não é Vic? ;)

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    1. Nesse também não, Mam'Zelle :) Os dias deviam ser todos santificados e não só um, eheheh

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  5. ai sabe tão bem preguiçar! :)

    " Ai que prazer
    não cumprir um dever.
    Ter um livro para ler
    e não o fazer!"

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    1. Aí, essa poesia, Margarida...as memórias que me traz :)

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  6. não esforçar muito, nestes dias de calor nem a mulher do Mário, checa, que desconforto:)te fará sair da rede onde repousas.
    fica lá que estás bem...

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    1. Exactamente KK :) (mais um K e tinhas sarilhos :). )

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  7. eu admito que já trabalhei, mas só para comprar esta maquineta que transforma em carcteres o que eu digo e reduzi assim ao mínimo o esgotante trabalho de premir teclas deitado :) há que fazer sacríficios para se ser fiel a si próprio.

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    1. É bem verdade, Moyle. Dá muito trabalho não fazer nada :)

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  8. Saíste-te lindamente nessa escrita 'sem rede', ou melhor 'na rede'.
    um beijo.

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  9. Agostinho da Silva era um grande mestre e, desde que lhe ouvi essa mesma frase, também me tornei sua fã incondicional... :)))

    Que esgotante, isso de escrever deitado na rede! À sombra de uma qualquer palmeira (já que por cá não abundam bananeiras), presumo... :D

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    1. É mesmo, Teté. E tens razão, Agostinho da Silva era um sábio :)

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Eu leio todos com atenção. Mas pode não ser logo, porque sou uma pessoa muito ocupada a preencher tempos livres!