O local foi escolhido meticulosamente, com mão de mestre, não aqui que não tem ângulo, ali também não que bate o sol a partir das 10. Nem acolá, que tem muito tojo e carqueja e sai-se de lá todo picado.
Escolheu um sítio onde o muro de xisto fazia um recanto com uma oliveira, foi erguendo uns ramos de pinheiro que estavam por ali caídos, e o casinhoto que nos iria servir de abrigo e camuflagem, foi tomando forma.
- Hum...parece-me bem. Não vão dar por nós. - disse. E mandou-me entrar, seguindo-me. Depois, com mais uns ramos de oliveira, tapou a entrada. Estávamos completamente escondidos, mas aquilo era apertado. Ao fim de 5 minutos comecei-me a mexer, incomodado.
- Está quieto, que eles são muito ariscos e dão conta de todos os movimentos,
Doíam-me os joelhos.
- Claro, estás de cócoras. Põe-te como eu, de joelhos e apoia o rabo nos pés. Ou então, senta-te. - Optei pela 2ª posição aconselhada e assim fiquei.
Os raios de sol começavam a iluminar o pomar, e a penetrar pelas frestas deixadas pelos ramos que nos escondiam. Estavamos situados num pequeno morro, o que nos dava uma vista abrangente sobre todo o pomar. Era na verdade esplêndido, as várias árvores misturadas, as frutas de várias cores e o sol a bater-lhes fazia aquele pedaço de terra parecer uma tela àlacre. E aromática. Os cheiros frutados misturavam-se e inundavam-nos as narinas de forma avassaladora. E mesmo á nossa frente, as três imponentes cerejeiras, batidas em cheio pelo sol que reflectia nos magníficos frutos, enormes, quase do tamanho de pequenas ameixas. Eram realmente belas cerejas, vermelhonas, suculentas. Mesmo á medida do apetite dos vários casais de melros que de repente apareceram do nada, e se puseram a depenicar nos frutos, saltando de ramo em ramo, deixando atrás, das cerejas devoradas, só caroços.
Reparei então na beleza dos pássaros, a sua plumagem negra e lustrosa, o bico amarelo, um contraste extraordinário. Eram animais muito bonitos, cuja beleza só era propocional à sua voracidade.
Estava naquela espécie de enlevo, quando senti a meu lado um ruído seco seguido de um silvo. Ao mesmo tempo, lá fora, ouvi um baque e vi os melros, como que impelidos por uma mola, levantarem voo em grande velocidade.
Ele então afastou os ramos da entrada, desatou a correr para a cerejeira mais próxima e agachou-se.
- Pimba, mêmo na tola - exclamou triunfante, ao mesmo tempo que se erguia segurando numa mão um dos melros, e na outra, a espingarda de pressão de ar.
Escolheu um sítio onde o muro de xisto fazia um recanto com uma oliveira, foi erguendo uns ramos de pinheiro que estavam por ali caídos, e o casinhoto que nos iria servir de abrigo e camuflagem, foi tomando forma.
- Hum...parece-me bem. Não vão dar por nós. - disse. E mandou-me entrar, seguindo-me. Depois, com mais uns ramos de oliveira, tapou a entrada. Estávamos completamente escondidos, mas aquilo era apertado. Ao fim de 5 minutos comecei-me a mexer, incomodado.
- Está quieto, que eles são muito ariscos e dão conta de todos os movimentos,
Doíam-me os joelhos.
- Claro, estás de cócoras. Põe-te como eu, de joelhos e apoia o rabo nos pés. Ou então, senta-te. - Optei pela 2ª posição aconselhada e assim fiquei.
Os raios de sol começavam a iluminar o pomar, e a penetrar pelas frestas deixadas pelos ramos que nos escondiam. Estavamos situados num pequeno morro, o que nos dava uma vista abrangente sobre todo o pomar. Era na verdade esplêndido, as várias árvores misturadas, as frutas de várias cores e o sol a bater-lhes fazia aquele pedaço de terra parecer uma tela àlacre. E aromática. Os cheiros frutados misturavam-se e inundavam-nos as narinas de forma avassaladora. E mesmo á nossa frente, as três imponentes cerejeiras, batidas em cheio pelo sol que reflectia nos magníficos frutos, enormes, quase do tamanho de pequenas ameixas. Eram realmente belas cerejas, vermelhonas, suculentas. Mesmo á medida do apetite dos vários casais de melros que de repente apareceram do nada, e se puseram a depenicar nos frutos, saltando de ramo em ramo, deixando atrás, das cerejas devoradas, só caroços.
Reparei então na beleza dos pássaros, a sua plumagem negra e lustrosa, o bico amarelo, um contraste extraordinário. Eram animais muito bonitos, cuja beleza só era propocional à sua voracidade.
Estava naquela espécie de enlevo, quando senti a meu lado um ruído seco seguido de um silvo. Ao mesmo tempo, lá fora, ouvi um baque e vi os melros, como que impelidos por uma mola, levantarem voo em grande velocidade.
Ele então afastou os ramos da entrada, desatou a correr para a cerejeira mais próxima e agachou-se.
- Pimba, mêmo na tola - exclamou triunfante, ao mesmo tempo que se erguia segurando numa mão um dos melros, e na outra, a espingarda de pressão de ar.
fiquei convencida até ao fim, que tanta preparação era para tirar uma fotografia...
ResponderEliminarsão para comer os melros??
Claro, MissK. :) E costumam ser gordinhos...
EliminarUm texto tão bom, para um final infeliz! Nem muito surpreendente, já que em tempos vi fisgas para pardais e maltosa a pendurar latas nos rabos de cães e gatos de rua. Mas não há como mudar essas histórias passadas, pois não? Só tentar que não se repitam...
ResponderEliminarBom fim de semana para ti!
éheheh, Teté não leves isto a sério. Depois, não te esqueças nunca que o homem nasceu caçador, e na província não se vê estas coisas da mesma maneira como nós, os citadinos, as vêm. Lá, não há politicamente correctos:)
EliminarCredo, que anticlímax...
ResponderEliminarNão é...explosivo TR :)?
EliminarExplosivo, de facto, mas prefiro-os vivos :)
EliminarEu estava a imaginar-vos de máquina fotográfica munidos de várias lentes e eis que no final Pum#"$# e lá se foi o melro!
ResponderEliminareheheh! porque será que toda a gente pensava que era para a fotografia, RST? :)
EliminarSou mesmo inocente, imaginava que todo este sacrifício era só para tirar belas fotos.
ResponderEliminarComo podes verificar, não foste a única, Vera :)
Eliminartopei rapidamente o desfecho mas tenho que referir que nunca aconteceria comigo. à primeira bicada espantava a melralhada porque não troco cerejas por nenhum bicho com penas, nem frito!
ResponderEliminarIsso é que é gostar de cerejas, Moyle :)
EliminarFiquei preocupado com a saúde das árvores dessa zona, eram ramos caído por todo o lado...
ResponderEliminarÓ rafeiro, tu és da cidade, não sabes que no campo há muitos ramos caídos?
EliminarPobres dos pássaros! Mas as cerejas, ai as cerejas... saudades!
ResponderEliminarPois, as cerejas são boas S*, mas o melro também não estava nada mau:)
EliminarCoitado do melro! De qualquer maneira, apreciei o texto e os "cheiros" que dele emanaram.
ResponderEliminarBeijinhos e bom fim de semana,
Patrícia
Coitado do melro? E o meu ouvido, que ia estourando com o barulho do tiro?
EliminarBom fim de semana Patrícia :)
Ora aqui está o exemplo perfeito da famosa frase popular "cada tiro, cada melro" :))))
ResponderEliminar(VdeAlmeida, as meninas ficaram a modos que a achar que és um verdadeiro Merlrial Killer lol)
Francisco, não fui eu que disparei. Ê nã fiz nada!:)
EliminarA minha pressão de ar ainda está oleada e com chumbo dentro, me casa dos meus pais. Era um terrível caçador de pardais em miúdo. :)
ResponderEliminarMelros não. Melros era para lhes ir aos ninhos.
Mas olha que os melros são maiores :)
Eliminar(a gente faz cada coisa quando é miudo. acho que agora não era capaz de fazer o mesmo, por muito bons que sejam os passarinhos fritos)
O melro sabia a cereja? Pelo menos ele teve direito a uma última refeição bem boa...
ResponderEliminarNão. Sabia a passarinho frito...
EliminarCoitadinho do melro!!!
ResponderEliminarMorreu como um passarinho, Blue :)
EliminarMas melros comem-se?
ResponderEliminarMeu caro JC, não só se comem, como são um petisco:)
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