Massagem Tailandesa - A Verdade

Pois a minha ida ao SPA não correu nada como estava à espera.

A ida foi uma oferta de uma empresa de cosmética, e eu achei logo muita fruta ter direito a ir a um SPA com direito a massagem tailandesa, só porque comprei um gel de banho por 3 euros e meio, e ter ganho um sorteio entre – disseram eles – 50.000 pessoas que mandaram os cupões.

Logo a mim, que o maior prémio que me saiu no Euromilhões foram 8, 23€, tendo já gasto cerca de uma pequena fortuna a jogar.

Comecei a ficar um bocado de pé atrás, quando me mandaram o voucher e verifiquei que o SPA era na Bobadela, terra onde eu pensava que só se ia para comer o bacalhau assado no Pesudo.

Quando cheguei, deram-me um toalha branca(?), que, dado o seu aspecto, recusei, alegando que tinha levado uma. A mulher da recepção disse logo e com má cara;

- Óptimo! Sempre são 60 cêntimos que poupamos no que pagamos à preta que nos lava os turcos – claro que fiquei muito bem impressionado com a tirada – traz calções de banho? Respondi que sim, e ela deu-me a chave de um cacifo no balneário, e disse-me que podia trocar de roupa e ir até à piscina.

Assim fiz, e quando cheguei á “piscina”, vi que aquilo era pouco maior que o tanque onde o meu tio Óscar faz o vinho. Lá entrei, mas a água estava tão fria, que até fiquei com os pés dormentes. Ainda por cima, ao fim de 2 minutos, apareceu um tipo de aspecto duvidoso com uma tanga fio dental laranja fluorescente que entrou na água, e começou a nadar de bruços, mas com uma mão esticada fora de água a imitar uma barbatana, ao mesmo tempo que dizia com uma voz muito aflautada: “Ai o tubarão! Ai o tubarão!” e ria-se muito.

Isso e as dores nos artelhos, fizeram-me saltar logo da piscina, e ir para o jacuzzi.

Aí, até não se estava mal, não fora, passados uns minutos, aparecer uma senhora madura (aliás, tão madura que acho que já teria caído da árvore), e que exibia umas banhas tão imponentes que fizeram subir o nível da água pelo menos uns 10 cm. Sentou-se na outra ponta da “banheira”, e às tantas comecei a reparar que a água na zona onde ela estava, borbulhava muito, mas muito mais, que na minha parte, e fiquei intrigado. Ainda procurei um botão que fizesse as “turbinas” trabalharem com mais velocidade mas não encontrei. Até que um cheiro pavoroso a nabiças podres chegou até mim, e me forneceu a explicação para as bolhas XL no lado da mulher. Não sei se foi táctica para correr comigo do jacuzzi, mas se foi, resultou em pleno.

Fui perguntar à mulher das toalhas quando é que começava a massagem e ela respondeu que podia ser logo a seguir, e indicou-me uma salinha que tinha uma marquesa. Mandou-me subir para esta e por-me de barriga para baixo e esperar um minuto. Assim fiz, esperando ver entrar pela porta uma jovem e elegante asiática reduzidamente vestida.

Eu naquele doce embalo, e eis que surge um tipo com aspecto de boxeur reformado com umas mãos que pareciam uns remos, que deu os bons dias, mas não me deu tempo de lhe comunicar que os discos entre as minhas vértebras ao fundo das costas estavam danificados, pelo que só suportavam massagens suaves. Por azar, foi por aí que começou, assentando-me dois murros que me deixaram sem fôlego e com dores que acho que só irão acalmar com vários meses de sessões de fisioterapia. Depois, continuou pelas costas, o que me deve ter provocado várias lesões irreversíveis, até que chegou ao pescoço e me deu um torção tão grande, que vim a conduzir até casa, com a cara de lado.

Quando pensei que as provações tinham acabado, foi-se à pernas. Pegou na direita e dobrou-ma, puxando-me o calcanhar até à nádega, o que fez com que o meu joelho desse um grande estalo, ao mesmo tempo que sentia uma dor excruciante. Pensei: “Lá se foi o menisco”. Depois fez o mesmo na outra perna, com o mesmo resultado. Continuou com a massagem – a mim parecia-me mais amassadela – e eu nem conseguia falar. Às tantas disse: ”Além de outros benefícios , vai ver que esta massagem lhe vai activar a circulação”. Ainda estive para lhe responder que a minha circulação estava já tão activa que esperava a todo o momento ver a aorta a saltar-me pelo nariz.

Por fim, a tortura terminou. Sentia-me de tal maneira, que naquela altura o tipo até me podia fazer um exame prostático com toque rectal, que eu não seria capaz de reagir.

A muito custo, lá me fui vestir e meti-me no carro para regressar a casa. Acho que devo ter passado 2 ou 3 vermelhos, sem me aperceber, mas cá cheguei.

Já deitado, a primeira coisa em que pensei foi que nunca mais mandarei cupões de concursos promovidos por qualquer gel de banho, ou mesmo champôs.

E que nunca mais quererei irei para uma massagem tailandesa sem primeiro fazer um seguro de vida e conhecer a massagista.