Meti-me ao volante, e aí vou eu todo satisfeito a levá-lo ao hotel.
Às tantas, comecei a sentir um bafo quente por trás, principalmente no pescoço, e disse para comigo: “Sacana do mecânico voltou a não afinar o ar condicionado!”. Foi quando senti um pingo escorrer-me pelas costas, viro-me e vejo o focinho babado do Bidu mesmo ao pé da minha cara, e com um ar muito feliz! O safado, tinha rasgado uma parte da rede que separa a parte de trás do jipe, e estava já com metade do corpo na parte dos bancos. A minha sorte foi que tinha ficado entalado entre os dois bancos de trás e não conseguiu avançar mais, senão, ainda , me saltava para o volante. E também tive sorte de já estar só a uns 500 metros do hotel.
O Sr. Arlindo (o dono do hotel) até ficou branco quando viu o Bidu, mas não deu parte de fraco e agarrou-lhe a trela, ao mesmo tempo que dizia algo que já não ouvi, porque ele não deve ter medido bem a força do Bidu e foi arrastado quando o cão começou a correr direito a um pavão que o homem lá tinha. Resultado: o Arlindo ficou com as calças todas rasgadas, e o pavão, ficou com o rabo todo depenado e só gritava “meow, meow”.
Como já tinha tudo tratado, achei que aquele era o momento mais propício para deixar o homem a sós com o cão para travarem amizade.
Enfim, foi um fim de semana descansado e só no domingo é que a Etelvina telefonou a dizer-me que regressava na 2ª feira pelas 10 horas da manhã, e eu decidi "Vou buscar o Bidu às 9h00".
O Sr. Arlindo não estava – os três empregados que me vieram entregar o Bidu, todos muito antipáticos, disseram-me que ele não podia falar comigo porque estava no hospital, eu nem perguntei porquê não tivesse eu alguma coisa a ver com o assunto – portanto, vim-me embora com o cão bem amarrado lá atrás – desta, precavi-me com umas correntes que não o deixavam mexer muito – e às 10h em ponto, lá estava a entrega-lo à dona.
- Então, o meu Biduzinho portou-se bem?
E agarrou-se ao cãozarão, que a lambeu de alto abaixo.
- Muito bem, Etelvina! aqui ela olhou para mim desconfiada, mas não acrescentou nada. Então e o tio?
- Olha, nem te conto! fomos ao hospital ter com o dr. Mateus, e a minha mãe explicou-lhe que o meu pai andava muito abatido desde 5ª feira, mas omitiu aquilo dos chumbos. O meu pai é que disse que andava com um peso nos intestinos e que quando ia arrear o calhau, deitava sempre um bocadito de sangue, se calhar tinha “apanhado o hemorroidal”. Então o médico mandou-o despir atrás de um biombo, e depois foi lá observá-lo. No fim, perguntou-lhe se sofria muito de gases, e a minha mãe foi logo dizendo que “Não senhor, não sofre nada, até gosta. Há dias em que aquilo lá em casa parece um autêntico arraial minhoto, e até o cão se vai esconder para o quintal, e ainda bem senão, ainda lhe acontecia o mesmo que ao pobre do gato!”.
Bem, o médico receitou-lhe umas coisas, aplicou-lhe uma dieta sem hidratos de carbono – não sei se estás a ver o meu pai sem comer as suas feijoadas e sem a sua sopa de garbanzos, que é seu pequeno almoço preferido – bebidas com gás, e muito menos vinho.
Olha, só te digo que se o meu pai já estava abatido, aquilo ainda o deitou mais abaixo.
Mal ele sabia que não tinha ouvido o pior. É que o dr. Mateus disse para ele estar descansado que não tinha nenhum hemorroidal, mas que ia ter que lhe dar uns pontitos no… como é que eu hei-de dizer? ... na boca do cano da espingarda, tás a perceber?
Bom! Parece que tenho os 8 dias no Algarve garantidos. Só espero que a Etelvina não se lembre de, entretanto, não voltar a Lavacolhos, só para ver se a convalescença do pai está a correr bem, que a estadia do Bidu no hotel, juntamente com uma rede nova para o jipe, ficou-me mais cara do que aquilo que eu pagaria pelos mesmos 8 dias num hotel de luxo em Saint-Tropez!
P.S. - O sr. Arlindo deixou-me uma mensagem no voice-mail, a dizer que precisava de falar comigo. Estava com uma voz esquisita, ciciava, parecia daquelas pessoas que se esqueceram de por a prótese dentária, e nunca me pareceu que usasse uma. Pelo sim, pelo não, não lhe ligo e vou esperar que ele volte a telefonar. Mas como o meu telemóvel não tem andado muito bem, não sei bem se vai dar para o atender, logo se vê.
Tens de arranjar esse telemóvel! Não vá o senhor Arlindo telefonar e tu não atenderes ;P
ResponderEliminarNem pó, Libelinha. Nessa não caio eu, eheheh
EliminarAhahahah! Parece-me que o Sr. Arlindo não travou amizade com o Bidu, como tu tanto querias... Palpita-me até que ganhaste um inimigo... ;p
ResponderEliminarTambém já pensei nisso, Mam ahahah
EliminarAi, que jeito me daria os 8 dias num hotel de luxo em Saint-Tropez, com ou sem Bidu ;)
ResponderEliminarAté eu, Marta :). E agora vinha a calhar.
EliminarOlha que o sôr Arlindo deve estar para lá de doente, está Biduente, pobre homem. :)
ResponderEliminarahahahah, Biduente deve ser mesmo a situação do sr. Arlindo, Margarida.
EliminarEu se fosse V. procurava a polícia e requeria mudança de aparência e de identidade...o senhor Arlindo deve estar a separar umas cascavéis pra te brindar no Natal.
ResponderEliminarÉ SR. Acho vou até mudar de casa :)
EliminarHospício também tem INTERNET...
EliminarAhahah, suspeito que se vão voltares a atender o senhor Arlindo, nunca mais vais ter hotel para o Bidu ou qualquer outro canito... :)))
ResponderEliminarRealmente a tua tia tem razão: ele não sofre de gases! Quem sofre, são os que o rodeiam... :D
É Teté, estou a ver que tenho que arranjar outro hotel para uma emergência :)
EliminarQuanto aos gases, eu já lá nem vou que é para não passar vergonhas ahahah
Ahahahahah! Já andava curiosa para saber o desfecho dessa história! Bidu, Bidu, bad dog!
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