Ainda não contei a 2ª parte do meu sábado ao cronómetro, mas não resisto a contar-vos antes um episódio que se passou há dias numa tasca que há na rua de baixo, e que já mencionei.
Aquilo parece amaldiçoado, já mudou de dono 3 vezes só este ano e agora quem se atreveu a tomar conta da malfadada casa, foi o Leopoldo, que disse logo que com ele, outro galo cantaria.
A 1ª iniciativa dele, foi, agora que se aproximam os santos populares, organizar uma noite de fado cujo prémio seria uma feijoada à transmontana para duas pessoas, que incluía uma garrafa de tinto, e o 2º prémio, uma semana de lanches, cada um constituído por uma bifana e uma mine..
O evento foi propagandeado através de uns panfletos escritos à mão e colados nos candeeiros das ruas circundantes, e teve lugar no penúltimo sábado.
É claro que eu não podia perder um acontecimento tão relevante nesta nossa pequena, digamos, sociedade, cheguei cedo e foi o bem que fiz, uma vez que começaram a acontecer logo coisas dignas de registo.
A 1ª foi quando chegou a nossa vizinha do 161. Trazia um vestido vermelho muito justo, e de decotes mais que generosos. Tanto que o Adelino que usa uns óculos que parecem fundos de garrafa, mas que não vê um boi, me
disse que ela tinha o peito descaído. Ora ela estava de costas para ele, portanto... Como a noite estava fresca, ela trazia uma zibelina, que segurava enquanto se rebolava até à sua mesa. Bonito foi quando ela a tirou e ficou com as duas imponentes carecas gémeas à mostra. O Romão engasgou-se com o carapau de escabeche que estava a comer, e foi de tal maneira que deixou cair o capachinho para cima da sopa. Foi uma vergonhaça do caraças, e lá se voltou a malta toda a lemgrar que a alcunha dele era o Mona Lisa.
Aquilo era para começar às 10, mas o Zeferino mais conhecido por "Camané das Trinas" estava um bocado grosso e caiu 2 vezes da mesa de pedra que servia de palco, mas depois de tratado, lá começou a cantoria, devidamente acompanhado à guitarra e à viola.
Aquilo começou bem, com um fado em que cueca rimava com queca, e por aí já podem ver da elevação da coisa.
Mas o momento da noite foi passado com o Gaspar e o com o cão do Vidal. O cão é enorme e o Vidal diz que ele come mais que a sogra, que é conhecida como a “Marabunta da Madragoa”. E vai daí, como estava a ir à falência por causa do animal, quis metê-lo num canil, mas a mulher não deixou,dizia que o animalzinho só lhe faltava falar e assim.
Então ele decidiu obrigar o cão a fazer dieta, e deixou de lhe dar comer. Ora bem, o animal já há quase uma semana que não trincava nada e andava muito esquisito, com os olhos esbugalhados. Quando o dono o levava à tasca, se alguém se sentava de perna cruzada e mostrava um bocadinho de pele, o animal começava a arreganhar o dente e a rosnar baixinho, e já não tirava os olhos da perna exposta. Outro sinal de que se passava algo estranho é que o cão já tinha comido duas pedras do dominó ao Leopoldo, e agora o Vidal anda com ele muito bem preso.
Estava o Quim dos Frangos a cantar um fado chamado “Fado do Branca de Neve e dos Dois Anões” e quando ele disse a palavra colchões, que por acaso rimava com anões, saltou-lhe a parte de cima da prótese dentária. O cão muito rápido soltou-se da trela, correu para a prótese e comeu-a.
Bem! Nem imaginam o pandemónio que foi. O Quim começou a gritar:
- Ai a minha placa, ai a minha placa, agora como é que eu como! - dizia aquilo com uma voz esquisita e pedia para meterem a mão pelas goelas do cão abaixo, mas a verdade é que ninguém se atreviacom medo de ficar sem ela. Até se falou em lhe ir fazer uma lavagem ao estômago, mas depois, face aos gastos que isso ia acarretar, optaram por esperar que a placa saísse naturalmente do organismo do cão.
Imaginem!
Eu cá não voltava a usar aquela prótese!
Eu cá não voltava a usar aquela prótese!
eheheheheh essa tua rua, não admira que ela seja tão inclinada eheheh
ResponderEliminarPobre Quim dos frangos eheheh
E já se sabe quem ganhou a feijoada?
Gosto de tramoços e nimuins :)
Beijinho :)
O pobrezinho do cão foi habituado a comer muito e depois sentiu o corte drástico...
ResponderEliminarBem, já me soltaste a primeira gargalhada do dia. E olha que não é tarefa fácil ;)
ResponderEliminarGostei muito de todos os intervenientes dessa tua noite de Fados. Mas, confesso, o Adelino já tem um lugarzinho no meu coração :)
O que me ri!
ResponderEliminarIsso é que foi azar! E depois, cantou, ou acabou-se a festa?lol
beijocas
Adoro estas histórias e até estava a correr bem, até que a solução de reaver a placa tirou-me a vontade de almoçar :)
ResponderEliminarVic, tenho de ir aí conhecer esses cromos todos, (embora aqui também haja muitos, uma das maiores concentrações de cromos tugas por m2), é lindo!! não dá para andar triste aí no teu bairro
ResponderEliminarAhahah, muito bem caçada esta noite de fados. E os prémios gizados pelo Leopoldo, para pôr outro galo a cantar na tasca, também! :)))
ResponderEliminarA qualidade dos fados, hummm... bem... assim à partida não conheço nenhum com essas letras, mas pronto, deve ter estado a condizer com o ambiente! :D
Agora saio daqui revoltada com esse Vidal! Então não dá de comer ao cão? Anda o pobre animal aí esganado e depois dá nessa confusão... E coitado do Leopoldo, não merecia, depois de ter organizado uma sessão de fados à maneira, para encantar o bairro inteiro! :)
Quanto à placa, no comments! :P
É caso para dizer que o cão se fartou de dar aos dentes :DDD
ResponderEliminarEu sabia que a 2ª parte do sábado ia ser fenomenal. Coitado do cão!! É com cada peripécia :D
ResponderEliminarVic, conta lá, como vai ser a vida aí no bairro até ao Sto.António?
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