Há episódios da juventude que se esbatem. Outras que permanecem connosco e que de vez em quando nos vem à memória, parece que se abre uma caixinha de onde saltam as cenas, fechamos os olhos, e parece que estamos a assistir a um filme do qual somos protagonistas.O Jaime é um desses casos, amigo de infância que desapareceu um dia - os pais mudaram-se para outro país, ainda mantivemos correspondência que acabou por esmorecer com o tempo - deixou-me na caixinha algumas lembranças muito curiosas.
Uma delas, a de que foi com ele que fumei, numa tarde de calor num miradouro Jardim da Estrela, o meu primeiro kentucky, que me agoniou como nunca me tinha acontecido e me mandou para casa com uma “pedrada” tão grande que parecia que os pés não iam para onde eu queria que fossem
Nessa altura, ainda passeávamos com os braços de um por cima dos ombros do outro, sem que a tal fosse atribuída qualquer intenção menos honrosa e chegámos a ser os “melhores amigos”. E fomos crescendo e já não andávamos com os braços sobre os ombros um do outro, já éramos adolescentes, as vozes foram engrossando - por vezes lá vinha um falsete - e o Jaime até já tinha um buço. Ou um pouco mais que isso.
E já galávamos as raparigas. Especialmente o Jaime, que sempre se me adiantou.
- Já reparaste na Inês? Tem quê? 14, 15 anos ? - a Inês era uma moreninha roliça, com uns peitos do tamanho de uns limões e pela qual ele tinha um fraco desde criança - tão bonitinha. E já viste o cabelo dela? Tão negro! É uma beleza. E a púbis? Já pensaste como será a púbis da Inês? Deve ser interessante.
- Que raio! Uma púbis interessante??- E ele:
- Já imaginaste? Como será o púbis dela? Deve ser mesmo interessante, mimoso. Claro, aquilo era conversa de adolescente. No fundo, e apesar da sua aparente desenvoltura, Jaime era um ingénuo e nunca vira uma mulher nua, e a Inês abria-lhe as asas da imaginação.
- A curiosidade matou o gato, dizia-lhe sempre, como que para encerrar a conversa, que me intimamente me incomodava, talvez por saber que era ainda mais ingénuo que ele.
- Mas a satisfação trouxe-o de volta, sabias?”, respondia-me ele. Pois.
Nessa altura, ainda passeávamos com os braços de um por cima dos ombros do outro, sem que a tal fosse atribuída qualquer intenção menos honrosa e chegámos a ser os “melhores amigos”. E fomos crescendo e já não andávamos com os braços sobre os ombros um do outro, já éramos adolescentes, as vozes foram engrossando - por vezes lá vinha um falsete - e o Jaime até já tinha um buço. Ou um pouco mais que isso.
E já galávamos as raparigas. Especialmente o Jaime, que sempre se me adiantou.
- Já reparaste na Inês? Tem quê? 14, 15 anos ? - a Inês era uma moreninha roliça, com uns peitos do tamanho de uns limões e pela qual ele tinha um fraco desde criança - tão bonitinha. E já viste o cabelo dela? Tão negro! É uma beleza. E a púbis? Já pensaste como será a púbis da Inês? Deve ser interessante.
- Que raio! Uma púbis interessante??- E ele:
- Já imaginaste? Como será o púbis dela? Deve ser mesmo interessante, mimoso. Claro, aquilo era conversa de adolescente. No fundo, e apesar da sua aparente desenvoltura, Jaime era um ingénuo e nunca vira uma mulher nua, e a Inês abria-lhe as asas da imaginação.
- A curiosidade matou o gato, dizia-lhe sempre, como que para encerrar a conversa, que me intimamente me incomodava, talvez por saber que era ainda mais ingénuo que ele.
- Mas a satisfação trouxe-o de volta, sabias?”, respondia-me ele. Pois.
Mas nunca o Jaime chegou a ver o púbis da Inês, pelo menos que eu saiba e ela tornou-se uma belíssima mulher. Mas conheceu outras mulheres, deitou-se com muitas, matou a curiosidade de ver uma nua pela primeira vez, num dia em que a mãe lhe deu cento e tal escudos para as propinas do primeiro período do 7º ano do Passos Manuel. À tarde deixou-a ralada quando lhe disse que tinha perdido o dinheiro, e à noite, indiferente à tristeza da senhora, foi até ao Bairro Alto, à procura da resposta ás suas interrogações. Naquela altura, era o sítio mais perto de casa e mais fácil para a encontrar, quando por casa não havia uma criada permissiva.É certo que a obteve, mas voltou sem dinheiro e triste.
- Riu-se de mim, sabes? A gaja riu-se de mim quando me viu nu. Ainda lhe procurei dar alento:
- Se calhar estava bem disposta. E afinal, não a viste nua?.Decerto que tinha visto. Mas a experiência não fora nada do que ele esperava. E aquela questão da mulher se rir dele, até a mim deixou marcas. Afinal, há muito que jogávamos na mesma equipa de basquetebol, víamo-nos nus uns ao outros no chuveiro colectivo e nunca me reparei que fossemos muito diferentes uns dos outros. Afligia-me que um dia, uma tipa que não me conhecesse de lado nenhum, se risse na minha cara ao ver-me desajeitadamente nu.
O Jaime, depois do incidente do Bairro Alto nunca mais se referiu ao púbis da Inês, o que, em parte, me deixou aliviado. Mas sinto saudades daquela espécie de deferência com que se referia à anatomia da Inês, quando nele, o vernáculo era recorrente.
Coitado do Jaime... mas até foi querido, devia gostar mesmo da Inês. É pena, a Inês não havia de se rir dele... às tantas...
ResponderEliminar"Se calhar estava bem disposta"... :D
Pois, ele era apaixonado, Elsa. Ela nem por isso :)
EliminarTexto delicioso..............
ResponderEliminarMarca bem algo que perdemos.....a ingenuídade.....
e fala do crescimento!!!
Ah...e eu tambem sou moça desse jardim :)
São as "dores do crescimento", Quase:). Fazem parte :)
EliminarFizeste-me lembrar de uma reunião que andou à volta daquela que seria a 1ª experiência sexual de um dos alunos.
ResponderEliminarA mãe, preocupada por ver saber o filho aflito para ter relações, resolveu pedir ao compadre que o levasse a uma casa de meninas.
Esta reunião aconteceu há um ano atrás. Não sei como terá corrido, mas lá que o Zé espevitou...:)
Pois, às vezes há omissa muito complicadas neste campo, Nina :)
EliminarA inocência e a curiosidade adolescente são muito bonitas.
ResponderEliminarSão mesmo, S* :)
EliminarNão entendo por que raio ficavas afligido, Vic. Não é obrigatório um rapaz ou um homem ficar nu frente a uma rapariga/mulher que não conhece de lado nenhum... Quero acreditar, até, que a maioria só se despe frente a uma mulher que já conhece bem e com a qual já tem alguma afinidade, intimidade. E, parece-me que, assim, estaria menos sujeito a ser gozado...
ResponderEliminarMam'Zelle as nossas gerações são diferentes. Há coisas difíceis de explicar e de entender.
EliminarDeixaste-me saudosa...da adolescência. Compreendo bem o Jaime e a ti, naquela idade.
ResponderEliminarHá certas coisas na vida em nos devia ser permitido repetir, voltar a acontecer.
Um beijo.
Pérola, infelizmente o tempo nunca volta atrás :). E são sempre esses tempo de que mais saudades temos
EliminarUma vez o meu melhor amigo pediu-me para eu espreitar pelo cós das calças e dar a minha opinião sobre os boxers dele. "Quais boxers? Não vejo nenhuns!". Riso perversamente e eu cobri-me de vergonha. Aos 14 anos, estas coisas são tramadas.
ResponderEliminarEm minha defesa digo que não vi boxers, nem vi nada. lol
Essa foi um bocado atrevida, rapariga. O rapaz merecia uma lição ;(
EliminarHavia de ser hoje... lol
Eliminar;)
Este texto no fundo é uma ternura...fez-me ter saudades dos amigos que foram ficando pelo caminho...
ResponderEliminarTambém, Sue, também :)
EliminarA diferença talvez esteja no rapazinho ingénuo a falar de uma outra menina, ou do mesmo rapaz depois de ter passado pelo bordel... O mais certo é a gaja ter-se rido da atrapalhação dele, que deve ter topado de longe que era a primeira vez! Mesmo assim não terá sido o primeiro ou o último a passar por experiência traumática dessas... que as prostitutas não são conhecidas pela sua grande psicologia e sensibilidade! ;)
ResponderEliminarÉ espantoso como algumas grande amizades se afastam e perdem, como se o destino assim o ditasse! :)
Verdade, Teté. Perdi algumas assim.
EliminarA tua dissertação sobre a passagem pelas casas de meninas é muito exacta, É uma experiência muitas vezes traumática, :)