O Vidal, aqui há tempos, deu-lhe para desabafar comigo. Sentou-se ao meu lado na tasca do Leopoldo, e disse-me que a vida sexual dele com a Ermelinda era sempre a mesma coisa e que se andava a desinteressar, mas que ela era muito fogosa, e por aí fora, e que já não sabia o que fazer.
Ora eu, na melhor das intenções, disse-lhe para inovar, para inventar novas formas de fazer amor. Sugeri-lhe umas quantas coisas, e ele pareceu ficar mais animado.
No dia seguinte, vem direito a mim, com o cãozarrão pela trela, e com ar ameaçador e disse-me:
- Tu é que tiveste a culpa!
- Eu? De quê? respondi-lhe muito admirado.
Então contou-me que depois da nossa conversa, decidiu sair da rotina.
À noite disse à Ermelinda para se deitar em cima da cama toda descascada, ele despiu-se também não sem antes prender o cão, não fosse ele atirar-se-lhe às miudezas, e subiu para cima do psiché, de onde tencionava atirar-se em voo para cima da Ermelinda, armado em Tarzan.
Só que ele sem os óculos, não vê nada, e o que aconteceu foi pisar uma salva de alumínio com arrebites que estava em cima do móvel a servir de bibelot, agarrou-se ao pé aleijado, desequilibrou-se do psiché, e na queda, bateu com os testículos numa das maçanetas dos pés da cama. Acho que aquilo foi um pandemónio, a mulher teve que mandar vir o INEM, e o médico disse-lhe que tinha que ficar em "jejum" durante um mês o que deixou a Ermelinda pior que uma barata.
Ora aqui há uns dias, o Vidal entra-me todo lampeiro na tasca do Leopoldo com um embrulho sobre o comprido, mais ou menos do formato das caixas com garrafas de vinho, com um grande laçarote cor de rosa, e o papel vermelho muito brilhante com corações vermelhos. Enfim, uma coisa muito vistosa.
E pediu ao Leopoldo:
- Arranja-me aí um moscatel e duas pilhas das grossas.
E o Venâncio aviou-o
- Duas pilhas?- perguntei eu.
- Sim, comprei uma prenda para a minha mulher que faz amanhã anos - e apontou o embrulho - mas na loja avisaram-me que não trazia pilhas.
- Ai, sim? Então o que é que lhe vais oferecer?
Nessa altura, o Vidal que estava com o copo na boca a emborcar o moscatel, engasgou-se de tal maneira que lhe saiu vinho pela boca, nariz, olhos e tudo. E ficou ali a estrebuchar vermelho como um tomate. Nunca pensei que uma pergunta tão inocente pudesse provocar aquilo.
O que sei é que ele depois gaguejou qualquer coisa, mas não me disse o que tinha comprado. E eu que nem sou curioso, confesso que fiquei a morder-me todo.
Mas depois, com estas coisas do pilates e fisioterapia, e tal, não me voltei a lembrar daquilo. Só me veio à ideia quando, ontem à tarde passei pela Ermelinda, baixinha e redondinha, que vinha a descer a rua com um grande sorriso e um ar muito feliz. De repente, ela parou, deu uns estremeções muito estranhos, e fez:
- Ai!Ui!Ai! Uiiiiiiii!, (o último Ui, foi mais prolongado, como se verifica pela maneira como o escrevi) e depois continuou o caminho com um sorriso ainda maior. Espantei-me tanto que fiquei paralisado a segui-la com o olhar. E quando chegou à esquina, a mulher parou e repetiram-se os estremeções e os Ai’s e Ui’s (sempre com o último mais prolongado)!
Bem, aquilo não podia ser Alzheimer, que não costuma dar em pessoas tão novas, nem costuma aparecer assim tão de repente
Fiquei a pensar se aquilo não teria a ver com a prenda que o marido lhe teria dado pelo aniversário! Mas depois caí em mim: Que raio de coisa é que poderia ter aquele efeito? E fiquei sem resposta.
Mas agora, cada vez que a vejo é sempre o mesmo, e toda a gente já murmura aqui na rua e até já se fazem apostas sobre o motivo que a traz daquela maneira, mas ela não se descose e assim não podemos saber quem tem razão, até porque o Vidal não tem aparecido.
Mas há hipóteses tão ordinárias em cima da mesa, que nem me atrevo a mencioná-las aqui, embora uma delas me pareça muito plausível.
Leva pilhas e tudo!
Eu sei o que ééé. Ainda há pouco tempo me contaram, agora vêm com comando e tudo LOL parece que o alcance chega aos 3 kms ahahahahah
ResponderEliminarvá, pronto, 15 metros :))
Eliminareheheh, o que vocês sabem, Elsa :)
EliminarLOL! Só não percebi o que estava a Etelvina a fazer no quarto deles :P
ResponderEliminarEheheh, foi só uma troca de nomes, Su
EliminarCom pilhas que há de ordinário?
ResponderEliminarEu que nunca entrei numa sex shop preciso de me atualizar e depressa.
Quando souberes, diz, ok?
Um beijo.
Não sabes o que é, mas falas de sex show, Pérola? Hummm :)
EliminarSe fosse um vibrador, aposto que a senhora ficava contente. ahahah
ResponderEliminarE andava contente, S* :)
EliminarJá viste que apesar da desgraça toda que aconteceu ao Vidal e um pouco por culpa tua Shame on you! a Ermelinda agora vibra e não é com os golos da selecção :)
ResponderEliminareheheh, tens razão Rainha:) Toda ela vibra :)
EliminarAqui a Rueff (não, ainda não me esqueci, se é que algum dia me vou esquecer...) também se lembrou de algumas hipóteses jeitosas. E olha que as mais interessantes não levam pilhas. O Vidal tem alguma falta de imaginação, não haja dúvida... ;)
ResponderEliminarAcredito que te lembres, Mam'Zelle. E é para veres como os meus vizinhos têm imginação :)
EliminarO que quer que seja, temos que reconhecer que é um marido atento e generoso.;))
ResponderEliminarÉ verdade, Nina. Ele não se pode queixar :)
EliminarUm marido que deixa a felicidade da esposa dependente de pilhas vai acabar em curto-circuito...
ResponderEliminarAo contrário, Rafeiro. Só demonstra que é atencioso com a sua mulher :)
EliminarAhahahha MUITO BOM!!!
ResponderEliminarGracias QAE :)
EliminarEssas coisas de um homem se armar em Tarzan, não costumam dar bom resultado! E depois arranjar uma maquineta para acalmar a fogosidade da Ermelinda, também não me parece grande ideia... :)))
ResponderEliminarComo é que sabes que é uma maquineta, Teté? :)
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