“And there she was, standing with those two big watermelons shaking and bouncing, threatening me“.
Assim começa, de forma quase ameaçadora, o primeiro romance de George W. Bitch, intitulado “How Woody Woodpecker managed to kill Wally Walrus”.
O livro é o relato feito na primeira pessoa, por um rapaz da província, órfão, acabado de chegar à grande floresta de betão. O autor dá conta dos primeiros embates do jovem, atlético graças aos baldes de cimento carregados durante os árduos dias de ajudante de pedreiro numa pequena vila da raia, com a vida nocturna em bares de frequência duvidosa, e a transformação que se vai operando no ingénuo rapaz, que passa vertiginosamente do vinho tinto e bagaço para as margaritas e shots, e da rapariga anafada e faces afogueadas com a qual mantinha um namoro ligeiro e vigiado a poucos passos pela sogra de pêlo na venta (literalmente), para relações extremamente profundas com moças esguias e esbranquiçadamente louras, oriundas da Eslovénia ou Lituânia. O choque é duro, e o livro espelha de forma brutal, a evolução do jovem, em páginas de leitura quase hipnótica.
Chegámos ao local da entrevista, um pequeno bar junto à Estação de Santa Apolónia, e aguardámos mais de 2 horas pelo celebrado autor.
Chegou ao pé de nós um senhor (?) de meia idade muito perfumado e envergando um irrepreensível fato Versace em tons rosados, camisa D&G de seda branca, muito justa, laço púrpura, e uma echarpe rosa-velho cujas pontas lhe batiam nos joelhos. Acercou-se e disse:
- São os jornalistas da “Livros da Semana“? ao mesmo tempo que colocava na mesa um cartão pessoal impresso e debruado a dourado, em que se evidenciava o nome de George W. Bitch, e o empurrava em nossa direcção com o dedo do meio da mão direita muito esticado, movimento que nos pareceu de gosto duvidoso. Assentimos.
Sentou-se, e dobrou as pernas, ao mesmo tempo que puxava a calça, ligeira e cuidadosamente para cima, gesto que deixou à vista uma canela alva e tão árida como um deserto, e, sem meias, uns sapatos Prada, com um tacão que lhe fornecia mais uns cinco ou seis centímetros.
- Vamos a isso que se faz tarde - acrescentou com um movimento de mãos afectado e demonstrativo de algum enfado.
Recuperados do choque - estávamos à espera de um tipo mal lavado, de gabardina amachucada e fumador compulsivo - iniciámos a entrevista.
- Lemos atentamente o seu livro, e pareceram-nos evidentes as influências do “noir" americano. Talvez um pouco cru como Henry Miller. Sente-se um novo Henry Miller?
- Ai filho, isso é porque nunca me viste à noite quando saio para me divertir. Sinto-me muito mais Anais Nin ou o Truman Capote!
(nesta altura, pedimos a interrupção da entrevista por uns minutos, para podermos tomar um copo de água e meio Xanax de 5mg)
(continua)
(2007)
ahahahahah adorava ser uma mosquinha para ver isso
ResponderEliminarHenry Miller já é provocação, Anais Nin ainda é "pior".
ResponderEliminarIsto promete!
ResponderEliminarOlha que 2,5 mg de xanax é muita coisa.
ResponderEliminarFico ansiosa pela entrevista. Nunca conheci nenhum homem assim.
Gostaria, mas tenho de viajar até à América.
Por cá, o que mais se assemelha seria um Castelo Branco ou nem por isso?
Ahahah, isto promete mesmo! (a culpa é da Rainha, que se antecipou ao meu comentário)
ResponderEliminarEntão estavam à espera de um fulano bronco e meio abrutalhado e deram de caras com uma bicha? Sim, porque isso não é ser gay ou homossexual, que esses podem não ter esses gestos e postura, as bichas (também há quem lhes chame trichas) fazem questão de chocar os outros com os seus modos efemininados e provocantes... Vou aguardar o final do episódio! :D
As minhas melancias eram muito mais puras e infantis :)))
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