quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sexo - Da Sua Prática e Seu Reflexo na Qualidade da Cútis

Um dia, era ainda um adolescente mais ou menos ingénuo e cheio daquela curiosidade própria da idade, estava eu na casa do meu primo Zé, rapaz da minha idade com quem alinhava em muitas brincadeiras e algumas garotices, quando, ao passar por acaso pela porta da cozinha que se encontrava semicerrada, ouvi o tio Jacinto dizer: 
- Vai por mim. Ainda esta semana li numa revista científica, que o sexo faz bem à pele. Chega-te para aqui. Isso! Pode ser mesmo em cima da mesa. Vais ver como essas borbulhitas te passam logo. 
Espreitei pela frincha da porta e apercebi-me que a conversa era com a Custódia, que era a empregada doméstica (nessa altura chamavam-lhes sopeiras), e que estava vermelha que nem um tomate. 
Bem, eu era novito, mas já não era tão ingénuo como isso e percebi logo onde o tio Jacinto queria chegar. Enfim, achei aquilo paleio para a levar à certa, e o que é verdade é que no dia seguinte o tio andava todo feliz a assobiar e a moça tinha a pele lisinha como o rabo de um bébé. Ora isto intrigou-me. Seria que afinal aquilo não era só um pretexto do tio? 
E a partir daí, iniciei uma pesquisa que prossigo até hoje. Arranjei um moleskine (sim, que os moleskines também servem para assuntos sérios e não só para anotar aqueles pensamentos pessoais deprimentes) e aí fui tomando pequenas notas que me permitiram tirar conclusões bastante interessantes - uma das quais, a de que o meu tio tinha toda a razão - mas principalmente úteis. 
Comecei a prestar atenção ao estado da cútis dos meus amigos e amigas, que naquela idade são tão receptivos a acnes e borbulhas e as alterações que se iam verificando em cada um deles tentando relacioná-las com as suas actividades íntimas. Por exemplo, o Humberto trazia sempre a cara na zona da barba - que nessa altura começava a despontar - em mísero estado: eram borbulhas do tamanho da cabeça de um parafuso umas atrás das outras e de cada vez que se atrevia a raspar a barba ficava que parecia que tinha andado à zaragata com um gato bravo. Houve uma altura em que deixei de o ver durante uns dias, e quando me reaparece parecia que tinha passado pelo instituto do Dr. Fernando Póvoas, além de que nunca o tinha visto com aquele sorriso. Interroguei-o, mas o tipo fez-se de novas, dizia que aquilo lhe tinha desaparecido quase de um dia para o outro sem razão aparente, que tinha sido um alívio e que por isso é que andava tão satisfeito. Desconfiei, e fiz bem. A resposta certa veio umas semanas depois quando a mãe da Alice, que era uma miúda sardenta e rechonchuda atrás da qual o Humberto andava sempre que nem um cachorrinho, foi fazer um escândalo à porta dos pais dele, a chamar-lhe malandro, que tinha desonrado a filha mas que tinha de casar com ela. 
Aquilo era cada tiro cada melro: quando aparecia um a quem de repente lhe desaparecia o acne, era certo que, ou tinha arranjado uma namorada mais liberal (naquela altura ainda havia algumas que não nos deixavam pôr o pé em ramo verde) ou tinha começado a frequentar o Superior Técnico à noite. Claro que havia sempre uma mão amiga que ajudava a desancar o careca aos que não conseguiam arranjar nenhuma dessas soluções, mas essa intervenção nunca me pareceu capaz de obstar aos problemas de pele. 
É óbvio nos adolescentes torna-se mais fácil verificar as alterações, uma vez que são mais susceptíveis de ter erupções cutâneas de vária ordem. No entanto, se observarmos com atenção os adultos, veremos que também eles confirmam a tese “jacintina”. Ainda há uns tempos, o Lourenço apareceu com um furúnculo no pescoço, mesmo por baixo da orelha. Tinha um aspecto horroroso, mas lá se tratou com penicilina e ao fim de umas semanas aquilo desapareceu. Só que ao fim de 2 ou 3 dias, chegou ao café e não se quis sentar. Perguntei-lhe: 
- Tás com pressa
- Não, pá. Apareceu-me outro furúnculo. 
- Sim? Não vejo nada
- Pois não! Porque é que pensas que não me posso sentar? 
Mais elucidado fiquei, quando no dia seguinte soube que a Hortense, a mulher dele, se tinha zangado com ele há 2 meses atrás, e desde essa altura ele era obrigado a dormir no sofá da sala. 
Outro caso foi o da minha prima Zulmira. Já tem quase 40 anos e continua solteira. Também não admira, porque no dia em que ela nasceu o distribuidor de beleza devia estar de folga. Além disso, e este ponto é que é importante, a cara dela parecia o mapa em relevo dos Pirinéus. Aliás, era aquele o único sinal da adolescência que conservava. Claro que aquilo não ajudava nada a que ela fosse feliz e alegre. Mas há umas semanas atrás, aparece-me com uma pele de fazer inveja à Andy McDowell depois do tratamento que ela anuncia na televisão. Claro que aquilo não podia ser de ela se ter começado a lavar com Palmolive. E é claro que a explicação veio quando eu vi o Almerindo sair sorrateiramente pelas traseiras da casa dela ontem á tarde. O Almerindo é daqueles conquistadores de bairro a quem interessa mais a quantidade que a qualidade, parece um daqueles cowboys que vai fazendo talhos na coronha do revólver à medida que vai deitando os “inimigos” abaixo. Uma vez perguntei-lhe se ele não tinha critério, se era tudo a eito. E ele respondeu-me: 
- Sou uma alma compassiva, sabes? Tenho pena das raparigas, tão carentes… 
Portanto, ele é uma espécie de Madre Teresa de Calcutá do engate, sempre pronto a ajudar as desprovidas. Como se verifica, todos estes casos, anotados com todo o rigor no meu moleskine, concorrem para demonstrar a pertinência da tese: “O sexo é o melhor remédio para os problemas de pele” Termino com uma nota curiosa: ao reler as notas tiradas ao longo destes anos todos, reparo que refiro 43 padres e 7 freiras. Dos primeiros, só dois, curiosamente saídos do seminário há pouco tempo, apresentavam sinais de acne, cinco tinham borbulhas visíveis e um tinha dermite seborreica. Das segundas, só uma tinha “rush”, além de um buço bastante acentuado. As conclusões ficam para quem as quiser tirar

13 comentários:

  1. Respostas
    1. Por exemplo, porque é que eu nunca tenho borbulhas, Elsa :)

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  2. Essa teoria é tramada para mim, é que eu nunca tive o chamado acne juvenil, sendo assim vão pensar que quando adolescente a minha vida era um forrobodó.

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  3. Estamos sempre a aprender, mas eu estou como a Rainha, nunca tive acne, nem uma borbulhilha prá amostra e ainda hoje, que já sou crescida, dizem que tenho uma pele muito boa...meu Deus, a confirmar a tua teoria, que vão pensar de mim??? :(

    Beijinho :)

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    1. Se alguém mais me ler, Maria, é mais que evidente. :)

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  4. Se as conclusões são para quem as quiser tirar, e eu sou uma miúda que gosta sempre de o fazer, aqui vai a minha: língua-de-trapos, é o que o menino é, Vic ;p

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    1. Lol! Mam'Zelle, pelos vistos, descobri-te a careca :)

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  5. Estão com as ladies... a minha pele sempre foi santa!!

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  6. Pois a mim não me convences com essa teoria! Não tinha acne juvenil e sexo também não, na adolescência! Mas havia sempre uma altura do mês, em que apareciam umas quantas borbulhas, solteira, com namorado, casada, etc. e tal. O que nunca mudou, apesar de mais ou menos sexo, ao longo dos anos! Felizmente, agora já não! Mas não devido a uma maior atividade a esse nível... :))

    Ah, aquela de frequentadores do Superior Técnico à noite é de uma subtileza... :D

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    1. Pois, conta-me histórias que eu gosto, Teté :)

      Sou muito subtil, eu sei :)

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Eu leio todos com atenção. Mas pode não ser logo, porque sou uma pessoa muito ocupada a preencher tempos livres!